Aprovada nos EUA a 1ª terapia celular para diabetes da história

Por Sofia Lungui

A Food and Drug Administration (FDA), órgão semelhante à Anvisa nos EUA, aprovou a 1ª terapia celular para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1, na última quarta-feira (28).
Chamado de Lantidra, o tratamento inédito se baseia em terapia celular alógena (doadora) de células pancreáticas ilhotas realizada a partir de células pancreáticas de doadores falecidos. Essa é uma conquista simbólica para a comunidade médica e um avanço importante para quem enfrenta a doença.

O órgão aprovou o método para o tratamento de pacientes adultos com diabetes tipo 1. Vale, em especial, aos que têm problemas para atingir os níveis adequados de hemoglobina por conta de episódios recorrentes de hipoglicemia, ou seja, baixa concentração de glicose no sangue.

A aprovação de hoje oferece aos indivíduos que vivem com essa doença e com hipoglicemia grave recorrente uma opção de tratamento adicional para ajudar a atingir os níveis ideais de glicose no sangue”, disse Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA.

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune crônica. O diagnóstico requer cuidados ao longo da vida, incluindo a necessidade de insulina, seja por meio de múltiplas injeções diárias ou bomba de infusão contínua. Pessoas com a doença também precisam checar o nível de glicose no sangue várias vezes ao dia, como forma de controle.

Tratamento usa células-tronco
A terapia celular envolve a utilização de células-tronco pluripotentes, capazes de se diferenciar em células beta produtoras de insulina. Essas células-tronco vêm de doadores e, após um processo de manipulação em laboratório, são transplantadas para o paciente.

O objetivo da terapia é restaurar a função das células beta do pâncreas. Isso permite que o próprio organismo do paciente volte a produzir insulina de maneira orgânica. Ao reduzir ou eliminar a dependência de injeções diárias, a terapia celular representa uma esperança para uma vida mais saudável e menos restritiva para os pacientes com diabetes tipo 1.

Acredita-se que o principal mecanismo de ação do tratamento Lantidra seja a secreção de insulina pelas células beta alogênicas das ilhotas infundidas. Em alguns pacientes com diabetes tipo 1, essas células infundidas podem produzir insulina suficiente.
Assim, o paciente não precisa mais injetar insulina para controlar seus níveis de açúcar no sangue. A administração do Lantidra pode ser como uma única infusão na veia porta hepática, que acessa o fígado.

Caso necessário, há uma infusão adicional, a depender da resposta inicial do paciente à terapia. Os resultados dos estudos clínicos são altamente positivos. Pacientes que receberam o transplante de células-tronco mostraram uma melhora significativa no controle dos níveis de glicose no sangue, reduzindo a necessidade de insulina exógena. Além disso, os efeitos colaterais observados foram mínimos, o que reforça a segurança e a viabilidade dessa abordagem inovadora.

Fonte: GizModo