Meio ambiente

Pesca e barragens ameaçam botos da Amazônia rastreados por satélite

Por Júlia Possa

A pesca, novas barragens e locais de dragagem do Rio Amazonas se tornaram as principais ameaças dos botos da Amazônia. É o que mostra uma pesquisa da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da organização de conservação Pro Delphinus, do Peru. O alerta veio depois que os cientistas localizaram oito botos rastreados por satélite na Amazônia peruana. Os animais estavam a 252 quilômetros de uma barragem e 125 km de uma área de dragagem. Além disso, 89% do espaço por onde os animais circulam serve para pesca

As distâncias podem soar pequenas, mas são significativas para os botos. Esses animais tendem a circular em áreas de 50 km, em média, e barragens e dragagens podem afetar grandes extensões de habitats fluviais.
Além disso, os cientistas estimam que muitos botos da Amazônia vivem mais perto desses locais do que os animais sinalizados com o radar. Isso significa que o risco é potencialmente maior à espécie, que já figura na lista das ameaçadas de extinção

Está claro que o boto do rio Amazonas está enfrentando ameaças crescentes de humanos”, disse a pesquisadora Elizabeth Campbell, em comunicado. “A pesca pode esgotar as presas dos botos, e eles também correm o risco de morte intencional e captura acidental”.

A captura acidental é uma das principais ameaças de botos dos últimos 30 anos. Mas não há dados concretos sobre quantos golfinhos são capturados a cada 12 meses. Segundo Campbell, a construção de barragens — em especial no Brasil — é uma “ameaça em expansão” para os botos. Hoje são 175 represas em operação ou em construção na bacia amazônica. Outras 428 estão planejadas para começar a funcionar nos próximos 30 anos, incluindo a Hidrovia do Amazonas, que já tem contrato para construção.
Essa obra vai envolver locais de dragagem em quatro afluentes da bacia amazônica e a expansão de portos para facilitar a navegação nos rios Amazonas (Brasil), Ucayali (Peru) e Marañón (Peru).

Dado que muitas dessas barragens e projetos de dragagem ainda estão em fase de planejamento, aconselhamos o governo [do Peru] a considerar os efeitos negativos que essas atividades já tiveram sobre as espécies fluviais em outros lugares”, afirmou.

Fonte: GizModo

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