A agulha e a linha
Era uma vez, a estória
Do improvável amor entre
Uma agulha e uma linha,
A aventura de uma tórrida
Paixão que nunca se acabou
E que nunca terá fim
No início, o amor parecia
Difícil, devido ao coração
Duro da orgulhosa agulha,
Que, em sua mente estreita,
Achava-se melhor que os
Outros e que fora feita tão
Somente para ferir, furar,
Espetar e machucar
E não fosse a insistência
Da apaixonada e maleável
Linha nada teria se dado no
Tecido das emoções fazendárias
Nenhum babado, bordado,
Costura ou enfeite teria sido
Traçado no pano de fundo dos
Sentimentos fabris mais puros
Apesar das idas e vindas, tapas
E beijos, feridas e arranhões,
Sangue, suor e lágrimas, verdade
É que os amantes nunca se
Separaram e estiveram sempre
Enlaçados
Foi preciso muita imaginação
E criatividade da intimorata
Linha que sem cansar perfazia
Mil pontos e lindos desenhos
De corações apaixonados
Sonhava fazer casas e mais
Casas coloridas, pontos
Elaborados e almofadas
Aconchegantes cheias de
Botões, de fuxicos e detalhes
Costurados com carinho
E depois, de dar muitos
Pontos sem nó, pintar e
Bordar com o coração da
Pobre linha, não é que a
Altiva agulha, enfim, se
Rendeu aos encantos do
Amante
Fora tanto o esforço
Da incansável e enamorada
Linha que a dura agulha
Amoleceu, flexionou-se e
Entregou-se ao amor do
Pequeno pedaço de linho
E na tecelagem da vida,
Costuraram e bordaram
Uma linda estória de amor,
Feita de desejo, parceria e
Companheirismo, pelas milhares
De facções esparsas pelos
Quatro cantos do mundo
(Direitos autorais reservados ao autor)