O frenesi contra Bukele: há esperança para a América Latina
Por Erik Zanon
Autointitulado o “ditador mais legal do mundo”, Nayib Bukele é um líder jovem e o primeiro em 30 anos a governar El Salvador sem conexões com os dois principais partidos do país. Cada vez mais admirado pela população, se tornou o novo leviatã da mídia.
Jornalistas contra o povo
Considerado autoritário por entidades estrangeiras e acusado de agir de forma inconstitucional em seu mandato, o presidente atingiu incríveis 95% das intenções de voto para sua provável reeleição. Seu menor índice? 75% de aprovação, algo impossível para líderes democratas do ocidente.
Diferente da onda de outsiders que conquistaram diversos governos pelo globo, Nayib, de inexperiente não tinha nada, foi prefeito de duas cidades, inclusive a capital San Salvador. Ame ou odeie, a popularidade do salvadorenho se deve justamente à sua mão firme e seu vigor de cumprir as promessas que fez em campanha, sem se importar com o custo.
O presidente atingiu incríveis 95% das intenções de voto para sua provável reeleição. Seu menor índice? 75% de aprovação, algo impossível para líderes democratas do ocidente
Autocrata ou libertador? Ambos
El Salvador compartilha dois grandes problemas com o Brasil: corrupção e insegurança. Bukele se equipou de resolver o problema perseguindo as gangues que dividiam o país de forma oligárquica, elevando o poder das polícias, do exército e a segurança das prisões. O resultado? 65 mil prisões em um ano e uma derrubada da taxa de homicídios em 56%.
Agir dessa maneira não foi nada fácil, o político precisou mandar soldados para o parlamento como pressão para a aprovação de leis e decretos, demitiu o procurador-geral e os juízes da suprema corte, extinguiu 83% das prefeituras visando minar a oposição e, para fechar com chave de ouro, agradou à juventude libertária adotando a cripto Bitcoin como moeda oficial na nação.
E depois?
Mesmo que Nayib Bukele continue querido pela população e quebre as leis que proíbem mais de um governo com a mesma cabeça diversas vezes, como já prometeu fazer, a história mostra que empreitadas personalistas não duram eternamente. O mundo experimentou Vargas, Perón, Salazar e tantos outros, sem nunca ter uma continuação da glória.
Qual será o destino do pequeno país da América Central quando vier a morte de seu salvador ou a queda do regime? A resposta óbvia parece insana para muitos: é necessário transformar o presidente em príncipe e abraçar o surgimento de uma nova monarquia. Dios salve al Rey!
No meio tempo, os brasileiros podem continuar observando o sucesso alheio e sonhando com um líder de verdade, coisa que não se vê faz décadas. Um dia, quiçá, ele surge para salvar a população dessa república de bananas.
Erik Zannon
Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix