Fêmea híbrida de cão e canídeo silvestre é primeiro caso relatado na América do Sul

Animal encontrado no Rio Grande do Sul chama atenção por suas características únicas
Por Giovanna Gomes

Uma criatura de pelagem escura com poucos pelos brancos, semelhante a um cão doméstico, foi resgatada após ser atropelada no ano de 2021 na região de Vacaria, localizada no estado do Rio Grande do Sul. Inicialmente, a equipe da Patrulha Ambiental da cidade classificou o animal como um canídeo selvagem, possivelmente da espécie graxaim. Devido a uma extensa lesão na lateral do abdômen, o mamífero foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para receber cuidados médicos.
Após uma completa recuperação, pesquisadores realizaram um estudo detalhado da fêmea e fizeram uma descoberta surpreendente: o animal era, de fato, um híbrido resultante do cruzamento entre um cachorro doméstico e um canídeo silvestre. Esse tipo de cruzamento, até então inédito na América do Sul, chamou a atenção da comunidade científica.

Segundo informações da revista Galileu, a equipe de especialistas responsáveis por essa descoberta documentou o ocorrido em um estudo publicado no periódico científico “Animals” em 3 de agosto. Os autores do estudo são Bruna Szynwelski, Cristina Matzenbacher, Thales de Freitas, Flávia Ferrari e Marcelo Alievi, todos ligados à UFRGS, juntamente com Rafael Kretschmer, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

A partir de análises de amostras de pele e sangue da fêmea coletadas depois de uma sedação, a equipe descobriu que o animal teria ascendência materna de graxaim-do-campo. Segundo ressalta o Professor Rafael Kretschmer, pertencente ao Departamento de Ecologia, Zoologia e Genética da UFPel, uma vez que ocorre a separação entre diferentes espécies, cada uma delas segue um curso evolutivo distinto, podendo acumular ao longo do tempo diversas mutações. Isso engloba modificações nos cromossomos, o que pode resultar em alterações na estrutura e no número dessas unidades genéticas.
Tanto o graxaim-do-campo quanto o cão doméstico apresentam uma configuração de forma e número dessas estruturas cromossômicas semelhante: são encontrados em ambos os animais 74 e 78 cromossomos, respectivamente.

Embora essas espécies tenham divergido há cerca de 6,7 milhões de anos e pertençam a gêneros diferentes, parece que poucas alterações ocorreram em seus materiais genéticos, o que possibilita a hibridização”, conta o professor.

Fonte: Aventuras na História




