Cultura

Rubem Alves entre o saber e o sabor

Obra tem a organização de Raquel Alves, filha caçula do educador, e prefácio de José Pacheco. Evento será em 14 de setembro, em SP

Por Letícia Scudeiro

Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia de nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”, Rubem Alves.

Rubem Alves (1933-2014) foi um educador e psicanalista considerado um dos maiores nomes da educação no Brasil. Assim como acreditava, seus ideais continuam presentes na sociedade e seus ensinamentos podem ser considerados atemporais. Raquel Alves, sua filha caçula, organizou o e-book Entre o saber e o sabor: o dilema da educação, uma coletânea das crônicas de seu pai que foram publicadas na revista Educação no período em que Rubem Alves era colunista.

Em homenagem a Rubem Alves, que completaria 90 anos em 15 de setembro deste ano, o e-book será lançado durante o evento Socioemocional na Escola, promovido pela revista Educação e que acontece na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), bairro Liberdade, São Paulo, em 14 de setembro. O lançamento terá a presença de Raquel Alves e José Pacheco, que escreveu o prefácio do e-book. Clique aqui para saber mais sobre o evento. 

O e-book é um olhar sobre a questão da convivência, do mundo sensível que mora em nós e da necessidade de a educação contemplar e trabalhar com isso”, instiga Raquel. “Acho fantástico que esse livro seja lançado em um evento socioemocional porque tudo que o meu pai fala, tudo de educação que ele traz nesse e-book, reflete o socioemocional. Ele não traz uma forma, ele aponta caminhos e mostra: ‘Olha, a convivência é difícil, o ser humano é difícil, mas a gente se entende. Como? Convivendo e aprendendo na escola sobre a vida’”, complementa Raquel Alves.

Ensinamentos de Rubem Alves
Rubem Alves deixou reflexões sobre a vida e a educação. Segundo Raquel, uma das principais mensagens deixadas aos educadores gira em torno de uma história que segue assim: um homem andava na floresta à noite, ouviu um rugido de um leão e com medo saiu correndo e caiu em um precipício. Ele se agarrou em um galho e ficou pendurado no penhasco com o leão embaixo dele. Então estendeu o braço e viu um morango na sua frente e o comeu. O morango estava delicioso. Fim da história.

As pessoas perguntaram para ele: ‘Mas, Rubem, o homem caiu ou não?’. E ele disse: ‘você não está entendendo? Essa pessoa sou eu, é você. Nós não caímos no sentido de que continuamos vivos, mas um dia vamos cair. Então é melhor a gente cair com a barriga cheia de morangos’. Essa é a importância de a gente usufruir e ter prazer na vida. Essa é uma mensagem [que ele deixa aos educadores], porque a educação está intimamente relacionada a isso. A gente educa para a pessoa usufruir melhor a vida. Não educa para passar numa prova, mas para se relacionar melhor com a vida”, esclarece Raquel.

Raquel ao lado de seu pai Rubem Alves (Foto: Arquivo Pessoal)

Fonte: Revista Educação

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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