A contribuição da engenharia química para a ecoinovação capixaba

Por Robson Valle
Recentemente foi noticiado pelo jornal Valor Econômico (Fonte: A2, Valor, Sábado, domingo e segunda-feira, 23, 24 e 25 de setembro de 2023) uma importante pesquisa realizada pelo Conselho Nacional da Indústria (CNI) sobre a ecoinovação, um conjunto de medidas que permitam soluções inovadoras para a indústria com foco na sustentabilidade ambiental.
Dentre as inúmeras vantagens de processos ecoinovadores podemos destacar: criação de produtos inovadores, mais eficiência e produtividade, redução de custos, melhoria da imagem e reputação da marca, possibilidade de ingresso em novos mercados, preservação do meio ambiente, maior proteção dos recursos naturais, aumento da eficiência energética, redução da geração de resíduos, uso alternativo de substitutos para matérias-primas, criação de empregos verdes, melhoria da saúde pública e de forma geral, impacto social positivo (Fonte: https://prensali.substack.com/p/o-que-e-ecoinovacao-e-quais-sao-as-suas-vantagens).

De acordo com a pesquisa, “47% das indústrias brasileiras estão direcionando seus esforços para tornar a ecoinovação uma realidade”, entretanto um “dos fatores limitantes para estruturar a ecoinovação na indústria no país é a falta de trabalhadores qualificados, mostra o levantamento. Entre as competências necessárias estão: conhecimento em técnicas sustentáveis, apontada por 66% dos entrevistados; conhecimento da legislação ambiental (45%) e falta de competência para gerir e desenvolver projetos em ecoinovação (38%)”.

Neste ponto, adquire especial relevância o papel de um importante profissional da química, o engenheiro químico, como agente capaz de promover a incorporação de tecnologias ecoinovadoras no campo da indústria, principalmente por ser capaz de unir ciência básica (química) com os diversos processos existentes na indústria. Esta integração ajuda a entender o fato deste profissional participar de eventos como o “IX Encontro Capixaba de Química – IX ENCAQUI, (que) será realizado pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ/ES) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). O evento, que ocorre(rá) entre os dias 16 e 19 de outubro de 2023, tem como proposta difundir temas atuais e as novas tendências na área (da) química” (Fonte: https://www.crqes.org.br/segundo-dia-do-quimico-2/).

O engenheiro químico é, portanto, o profissional que detém responsabilidade legal para condução de atividades de práticas de ecoinovação no campo da indústria, através do Decreto-Lei 5.452 de 01/05/1943 (CLT) e da Lei 2.800, de 18/06/ 1956 (Fonte: https://www.crqes.org.br/atribuicoes-do-profissional-da-quimica/). Estas atribuições legais são: Direção, Supervisão e Responsabilidade Técnica, Assessoria, Consultoria e Comercialização, Perícia, Serviços Técnicos e Laudos, Magistério, Desempenho de Cargos e Funções Técnicas, Pesquisa e Desenvolvimento, Análise Química e Físico-Química, Padronização e Controle de Qualidade, Produção, Tratamentos de Resíduos, Operação e Manutenção de Equipamentos, Controle de Operações e Processos, Pesquisa e Desenvolvimento de Processos Industriais, Execução de Projetos de Processamento, Estudo de Viabilidade Técnico — Econômica, Projeto e Especificações de Equipamentos, Fiscalização de Montagem e Instalação de Equipamentos e Condução de Equipe de Montagem e Manutenção (Fonte: https://www.crqes.org.br/atribuicoes-do-profissional-da-quimica/).

Infelizmente, o cenário atual para a formação (e atuação) de Engenheiros Químicos no ES é desafiador, em virtude de um processo de desindustrialização que se iniciou nos anos 1990, foi agravado pela crise econômica de 2016 e profundamente impactado pela recente pandemia e a consequente desarticulação das cadeias globais de produção. Esta situação causou o fechamento de inúmeros cursos privados de Engenharia Química no ES, redução nas inscrições de instituições públicas e migração de profissionais já formados para outras áreas, como por exemplo, programação e ciência de dados (Fonte: https://engenharia360.com/utilizacao-baloes-cientificos-nas-engenharias/).

Desta forma, é neste sentido o que a pesquisa da CNI aponta: a necessidade de um amplo debate que una poder público, instituições de ensino (pública e privadas) e associações empresariais para a busca de caminhos que permitam a continuidade de formação (e atuação) destes profissionais em solo capixaba – capital humano essencial para a vitalidade destes processos ecoinovadores.

O resgate de soluções usadas no passado para a discussão destes temas pode ser um passo nesse sentido, como por exemplo, “o 8º Encontro Nacional de Tecnologia Química — ENTEQUI (evento oficial da ABQ- Associação Brasileira de Química) ocorrido em Vitória, no período de 9 a 11 de setembro de 2015, sob o tema central: Inovação na Indústria: o que podemos esperar para o Futuro? (Fonte: https://rvalle.com.br/eqes/a-engenharia-quimica-no-contexto-da-industria-4-0/).

Ainda assim, a indústria no ES tem sido resiliente e resistente, como apontado pela Findes (Fonte: https://portaldaindustria-es.com.br/publicacao/producao-industrial-capixaba-avanca-31-7-na-comparacao-com-julho-de-2022 ) tornando este debate urgente e necessário.

Robson Valle
Engenheiro químico, vice-presidente da Associação Profissional dos Químicos do ES (Aproquimes)
Página pessoal: https://rvalle.com.br/eqes/