Paleo & Arqueologia

Trecho modificado de Salmo escrito no século 6 é encontrado em Jerusalém

Por Isabela Oliveira

Depois de uma tradução do Novo Testamento descoberta este ano, pesquisadores do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, liderados pelo Dr. Oren Gutfeld e Michal Haber, descobriram, em escavações no deserto na Judeia, em Jerusalém, Israel, uma inscrição do Salmo 86 em grego koiné, idioma do Novo Testamento da Bíblia.
O epigrafista especialista Dr. Avner Ecker, da Universidade Bar-Ilan, decifrou o texto escrito em pedra, com letras em vermelho e uma cruz no topo, que interpreta a passagem bíblica. A paráfrase de Salmos 86: 1–2, diz “Jesus Cristo, guarda-me, pois sou pobre e necessitado”.

Já a versão original é: “Ouve-me, Senhor, e responde-me, pois sou pobre e necessitado. Guarda a minha vida, pois sou fiel a ti”.

Este salmo ocupa um lugar especial no texto massorético como uma oração designada e é notavelmente um dos salmos mais recitados na liturgia cristã”, segundo Ecker.

O local já foi abrigo de um pequeno mosteiro cristão que se estabeleceu em 492 d.C., com o monge Santo Sabbas, o provável responsável pela inscrição.

Assim, o monge desenhou um grafite de uma cruz na parede, acompanhado por uma oração com a qual ele estava muito familiarizado”, explicou o epigrafista.

Devido ao estilo de escrita, Ecker atribuiu a inscrição ao início do século 6. Além disso, erros gramaticais típicos da Palestina bizantina dão pistas da origem do monge.

Esses pequenos erros indicam que o padre não era um falante nativo de grego, mas provavelmente alguém da região que foi criado falando uma língua semítica”, completou.

Confira a imagem completa abaixo:

(Foto: Reprodução/Universidade Hebraica de Jerusalém)

Mais escavações e descobertas
Outra inscrição também foi encontrada nas proximidades, e está atualmente em análise. Além disso, um anel de ouro infantil, com pouco mais de 1cm de diâmetro e adornado com uma pedra turquesa, também estava no local. Gravada em árabe estava a inscrição “Deus desejou”.

O estilo da escrita data dos séculos 7 e 8 d.C., enquanto a pedra pode ter sido originado no território recém-conquistado do Império Sassânida (atual Irã), parte do califado omíada em expansão. No entanto, não se sabe como a joia teria chegado ao local das escavações.

(Foto: Reprodução/Universidade Hebraica de Jerusalém)

O arqueólogo Haber considera as descobertas excepcionais.

Poucos itens têm tanta importância no registro histórico e arqueológico como as inscrições”, disse. Ele ainda acrescenta que elas “são virtualmente os primeiros exemplos do local a terem origem em uma ordem ordenada e documentada”.

A equipe teme que as escavações chamem “a atenção de saqueadores” de artefatos. Entretanto, estão ansiosos pela próxima temporada de escavações, prevista para o início de 2024.

(Foto de capa: Reprodução/Universidade Hebraica de Jerusalém)

Fonte: GizModo

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