Certezas patrocinadas
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É preciso que os municípios envolvidos façam seus planos diretores de mobilidade urbana e saibam definir o que desejam
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A insatisfação a respeito da mobilidade urbana é tema recorrente nos noticiários. Fácil entender os porquês. Notadamente, a “mobilidade” é fator essencial a todas as atividades urbanas. Sistemas viários inapropriados, transportes de massa deficientes e projetos semafóricos controversos norteiam as contrariedades dos cidadãos.
À vista disso, a gestão é complexa e implica em decisões e ações com forte impacto no cotidiano da cidade. Todavia, assistimos um alvoroçar de “bandeiras” tentando, a qualquer preço, transformar os espaços da cidade. Esses ativismos constituem concepções abstratas, algumas distorcidas da realidade, pressupondo um certo valor, sem necessariamente submeter-se a uma verdade ou a um método sustentável.
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Na onda das demonizações, potencializa-se a discussão da divisão da cidade em duas categorias: cidade dos automóveis e cidade das bicicletas. Apesar de tenaz defensor da “mobilidade ativa” (não motorizada), como técnico me rendo ao entendimento de que a solução para a metrópole, prioritariamente, não passa pelo transporte individual e sim pelo transporte coletivo de massa. Claro, num mundo de oito bilhões de habitantes, a palavra de ordem é compartilhamento, seguida da visão primaz de coletivo.
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Nesta perspectiva, entendo que carros e bikes merecem atenção e planejamento, mas, agora, o foco deve ser na solução estrutural dos transportes de massa, assegurando sua operacionalidade. É fundamental atribuir valores às coisas com diligência, pois o custo do cuidado é sempre menor do que do reparo.
Diante do frenesi das buscas de soluções instantâneas configuram-se as certezas patrocinadas. Tipo assim, fora daqui é melhor do que aqui e isto basta.
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Dois exemplos contundentes são citados com prodigalidade por administradores e deixam de prosperar por não capturar nossa realidade e não conciliar recursos, visão e estratégia. O primeiro caso é o da ciclomobilidade. Ao defenderem a prioridade da bicicleta, autoridades e simpatizantes entoam os exemplos fantásticos de Copenhagen, Lucerna, Munique, entre tantas. Esquecem, porém, que esses locais resolveram primeiramente a infraestrutura para o transporte de massa. Educaram e são rigorosos com direitos e deveres de automobilistas, ciclistas e pedestres. Todas têm um plano diretor de ciclomobilidade e isto faz a diferença. Não adianta só sinalização gráfica, é preciso planejamento e cronograma. O segundo é a integração metropolitana do transporte coletivo.
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Procrastinada por muitos, a integração é urgente, mas distante do discurso simplista de juntar o municipal ao estadual. A solução passa além disto, por novo paradigma. É preciso que os municípios envolvidos façam seus planos diretores de mobilidade urbana e saibam definir o que desejam. É importante que usuários e demais “stakeholders” sejam contemplados com solução de segurança e equilíbrio. É preciso legitimar e construir o resultado.
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A questão que se impõe é de que a Governança, os Planos Diretores de Mobilidade e o Plano Diretor Urbano devem ser dialogais e conseguir amarrar todas as pontas. A mobilidade não é um fim em si mesma, ações úteis para cidade irão gerar valor. Credibilidade e confiança são estruturantes no espaço público, daí entendermos ética como respeito ao combinado.