Relações Internacionais

Taiwan pode ser palco do próximo grande conflito

O novo arranjo do sistema político internacional não está sendo pavimentado por flores, e sim por força bruta junto à boa diplomacia. A disputa entre a República Popular da China e a República da China caminha para o derramamento de sangue.

História
Os japoneses anexaram a ilha da Dinastia Qing em 1895, mas devolveram em 1945 como parte das concessões da derrota na Segunda Guerra Mundial. Desde 1912, com a derrubada da monarquia, os chineses eram regidos por um sistema republicano, terminado pela revolução socialista de Mao Tsé-Tung e surgimento da República Popular da China. O Kuomintang, partido do governo anterior, se estabeleceu em Formosa, instaurando uma ditadura que terminou em 1996, e ainda hoje, é um dos dois maiores partidos da República da China.

Altercações
Na nova leva de combates mundiais, destaca-se a invasão russa à Ucrânia e do Hamas a Israel, situações que podem se tornar corriqueiras. Após o fim da Guerra Fria, ocorreu a Pax Americana, uma liderança unilateral dos Estados Unidos que o filósofo e economista Francis Fukuyama definiu erroneamente como o “fim da história”, porém nos últimos 30 anos vem fragmentando, com o desejo do sul global de assumir seus respectivos blocos, aliando-se à China e à Rússia.

Armados até os dentes
Recentemente o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma doação de US$ 80 milhões a Taiwan para a compra de equipamento militar americano, algo que não parece uma soma relevante, visto que é inferior ao custo de um único caça a jato moderno, e Taiwan já encomendou mais de US$ 14 bilhões em equipamento militar estadunidense.

A diferença é que dessa vez não é um empréstimo, e sim dinheiro dos contribuintes. É a primeira vez em mais de quatro décadas que os Estados Unidos alocam recursos próprios para um local que oficialmente não reconhece, usando o Financiamento Militar Estrangeiro para isso.

Os americanos voltaram a treinar o exército de Taipei e abandonaram sua velha estratégia de fornecer uma quantidade mínima para autodefesa enquanto priorizava negócios com a China continental e não irritava Pequim, que emitiu oficialmente uma forte condenação ao gesto de Washington.

Futuro
O povo parece estar cansado de financiar guerras e agir como a polícia do mundo, principalmente depois do fracasso no Afeganistão, refletindo em um Congresso polarizado que já bloqueou bilhões de dólares para Zelensky, mas parece ainda apoiar Formosa.

As divisões internas dos EUA e as discussões sobre o papel da nação no globo, acrescido com o multilateralismo que se desenha na cena de poder internacional, pode significar que os dias de Taiwan estão contados. A pergunta é quanto o ocidente está disposto a sacrificar pelos amigos orientais no possível conflito que terá proporções muito maiores do que os atos de Vladmir Putin.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix

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