Sistema modular resfria alimentos sem gastar energia
O refrigerador de argila é uma repaginação de um antigo método de conservação de frutas e vegetais
Por Marcia Sousa
Assim como o calor pode estragar os alimentos, baixas temperaturas também podem “queimá-los”, especialmente alguns vegetais mais delicados. Uma solução mediana foi proposta pela designer industrial Lea Lorenz: um refrigerador de argila que usa o método de resfriamento passivo para manter os alimentos frescos sem gastar energia elétrica.
Apelidado de TONY, trata-se de um sistema modular de argila que funciona apenas com água. Devido a porosidade do material — característica natural do barro — a água é absorvida e resfria o alimento à medida que a água evapora. Nesse processo, a temperatura interior é reduzida para uma faixa de 13°C a 17°C sem qualquer eletricidade.
Entre as vantagens do método está o fato de poder ser usado em lugares sem acesso à energia, mesmo em lugares remotos — uma vez que é uma solução portátil. Além disso, o foco é que, criando uma temperatura regular, frutas e vegetais possam permanecer frescos por mais tempo, evitando desperdícios.
O designer de Lea Lorenz leva em consideração alguns fatores interessantes para prolongar a vida útil dos alimentos. Exemplo disso é que ao invés de criar um módulo único, ela optou por desenvolver vários recipientes retangulares de argila de diferentes tamanhos que podem ser empilhados. Desta forma, frutas e vegetais podem ser armazenados separadamente, impedindo possíveis interferências na maturação.
Além disso, como a luz solar direta pode aumentar a temperatura interna, o sistema é combinado com um suporte de madeira capaz de movimentar e ajustar o refrigerador, conforme necessário ao longo do dia. Cada TONY é composto por um recipiente para armazenar água, outro para inserir os alimentos e uma tampa, permitindo que cada seção funcione de forma independente e com seu próprio abastecimento de água.
O sistema é fabricado com argila Raku, proveniente da região de Westerwald, na Alemanha, o que evita longas rotas de transporte e reduz as emissões de CO₂. Segundo a designer, após a produção, os resfriadores de argila são queimados na temperatura mais baixa possível de mil graus para consumir o mínimo de energia.
Nem a produção, nem a extração da matéria-prima ou a utilização do produto liberam substâncias nocivas ao meio ambiente. Experimentos intensivos com vários tipos de argila durante a preparação mostraram que a mistura raku-argila-areia absorve melhor a água do tanque de água e produz o efeito de resfriamento ideal”, afirma Lea em seu site.
Ao fim de sua vida útil, os componentes do refrigerador podem ainda ser reciclados. O produto “é construído de forma robusta para mantê-lo em funcionamento pelo maior tempo possível. No entanto, caso o refrigerador não esteja mais intacto, os componentes podem ser triturados em argila refratária e reintegrados em massas de argila para a produção de novos refrigeradores”, finaliza a designer.
Fonte: CicloVivo