Famílias acreditam que o bullying é a principal causa dos ataques às escolas
Combater a prática é importante não só pelo bem-estar de toda a comunidade escolar, mas também como forma de evitar futuros atentados, afirmam pais ouvidos por pesquisa da SchoolAdvisor
A prática do bullying está diretamente ligada à percepção que as famílias têm em relação à segurança na escola. Esta é a conclusão de uma pesquisa conduzida pela SchoolAdvisor, em junho de 2023, que também aponta o desequilíbrio emocional e a falta de estrutura familiar como problemas causadores da violência escolar.
Para os pais e responsáveis, lidar com o bullying não é apenas uma questão de bem-estar e cuidado psicológico dos estudantes, mas também uma forma de evitar possíveis ataques violentos nas escolas.
O bullying é a principal motivação para os atentados provocados por alunos dentro escolas, na visão das famílias. Ou seja, a prática oferece risco à segurança dos alunos. As vítimas de hoje podem ser os agressores de amanhã” afirma Viviane Massaini, CEO da SchoolAdvisor, ferramenta de busca de escolas particulares em todo o País.
Na pesquisa, 77% das famílias afirmam que mudariam seu filho de escola por causa do bullying. No entanto, é preciso compreender que o bullying não acontece apenas na escola: pode acontecer no clube, no condomínio, na escola de esportes, ou em qualquer outro ambiente social em que o estudante esteja inserido. A intimidação sistemática, como é conhecida legalmente a prática do bullying, caracteriza-se por agressões (verbais ou físicas) que acontecem de forma contínua e repetitiva, do agressor contra a vítima.
Na escola, os estudantes passam a maior parte do seu dia, convivendo com as mesmas pessoas. Por isso, os agressores acabam encontrando nesse ambiente mais oportunidades para praticar o bullying” diz Viviane.
Com a internet, o bullying tem efeitos ainda mais catastróficos: as ofensas ultrapassam os limites físicos da escola, expondo as vítimas a um constrangimento social muito maior.
A internet dá uma sensação de impunidade aos agressores, que se fortalecem para expor as vítimas de uma maneira que, infelizmente, não tem volta. Além de ter um alcance social maior e uma comunicação contínua, os conteúdos divulgados na internet possuem uma escala impossível de ser controlada”, declara a CEO.
O bullying é um tema recente, mas que está nos holofotes das famílias
Apesar de ser um tema bastante discutido atualmente, nem sempre foi assim. O bullying passou a ser estudado e reconhecido como um problema social apenas em meados da década de 70. Até então, acreditava-se que os comportamentos agressivos eram traços naturais da personalidade de algumas pessoas.
No Brasil, o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, por meio da Lei 13.185/15, foi sancionado apenas em 2016. A Lei tem como objetivo erradicar o bullying por meio de campanhas publicitárias, da capacitação dos profissionais da educação e do diálogo mais estreito entre a escola e a família.
Apesar dos esforços crescentes para erradicar as práticas de intimidação sistemática, o bullying é um problema que não tem uma solução simples e rápida. Depende de educação e conscientização de todos os membros da comunidade escolar e, mais ainda, de toda a sociedade.
As escolas vêm se mobilizando cada vez mais sobre o assunto, adotando diferentes programas socioemocionais e de letramento digital, para aumentar a conscientização dos estudantes e promover a formação dos professores. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), cinco competências socioemocionais devem ser trabalhadas pelos estudantes no combate ao bullying: autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável.
As famílias, por sua vez, também entendem sua responsabilidade no combate ao bullying: de acordo com a pesquisa, 58% acredita que promover maior envolvimento familiar na escola é uma das formas mais efetivas de melhorar a segurança; e 60% espera que as escolas tenham regras claras e punições adequadas para os alunos que representam comportamento violento.
Como identificar o bullying e o que fazer
Nem sempre é fácil identificar o bullying. Muitas vezes, por vergonha de expor sua vulnerabilidade ou por medo de confrontar o agressor, tornando-se ainda mais frágil, a vítima prefere se calar. De acordo com Viviane, a identificação dos casos de intimidação sistemática pode ser feita tanto pelas famílias, em casa; quanto pelos educadores, na escola.
A responsabilidade não é da escola, ou da família. É de ambos, e além: é de toda a comunidade escolar”.
Por isso, é preciso prestar atenção: queda no rendimento escolar; apatia; faltas sem justificativa; mudanças comportamentais e baixa autoestima podem sinalizar que algo não vai bem com o estudante. Para finalizar, é preciso que as famílias entendam que nem sempre seus filhos serão as vítimas: eles podem ser os agressores. Neste caso, é importante saber que adolescentes maiores de 12 anos estão sujeitos a medidas socioeducativas e seus responsáveis legais podem ser obrigados a indenizar a vítima pelos danos sofridos. Para os menores de 12 anos, os responsáveis podem responder civilmente, arcando com a indenização da vítima.
Por isso, independentemente de qualquer coisa, é preciso conversar abertamente com nossos filhos para que entendam e reconheçam a amplitude dos efeitos psicológicos do bullying, assim como suas implicações legais” conclui Viviane.
Fonte: Canguru News