Internacional

Henry Kissinger: um gigante que dividiu opiniões

O maior diplomata do século XX, Kissinger faleceu aos 100 anos na última quarta (29). Nobel da Paz, trabalhou até o fim da vida

Currículo
Nascido alemão, Henry fugiu do nazismo com sua família para os Estados Unidos em 1938. Em Harvard, estudou ciências políticas, artes e filosofia, conquistando o título de Doutor.
Apoiou Nelson Rockefeller nas primárias republicanas de 1960, 1964 e 1968, e foi seu consultor de política externa. Mesmo tendo antipatia por Richard Nixon, se disponibilizou a fazer o que estivesse em seu alcance para ajudar o candidato, e após a vitória eleitoral se tornou Conselheiro de Segurança Nacional, e em 1973 acumulou a posição de Secretário de Estado, a mais importante do gabinete. No governo de Gerald Ford, Kissinger manteve os cargos.
Entusiasta da Realpolitik — leia-se, pragmatismo — trabalhou para relaxar as tensões com a União Soviética, enquanto afastava a China do regime. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz por articular um cessar-fogo e a retirada dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã, por outro lado, criou um memorando que se tornou política de Estado onde desenhou medidas para impedir o crescimento econômico e independência do terceiro mundo através de controle populacional. O diplomata considerava o Brasil um aliado durante o regime militar e aprovava que o país avançasse com o programa nuclear, diferente de muitas vozes americanas da época.

Após a Administração Ford, Henry se engajou como consultor, palestrante, escritor, empresário e professor. Fez parte da Comissão que investigou os escândalos da Olimpíada de Inverno de 2002 e chefiou a Comissão que investigou os Ataques de 11 de Setembro por um mês, preferindo renunciar do que revelar sua lista de clientes quando foi questionado sobre possíveis conflitos de interesse. Endossou a visão de um mundo sem bombas nucleares e aconselhou Donald Trump. Em julho de 2023 viajou à China, nação em que é admirado e respeitado, para encontrar Li Shangf e Xi Jinping para evitar escalação da rivalidade sino-americana e reforçar a defesa de coexistência pacífica, esquecendo mal entendidos e evitando o combate.

Apoiadores e críticos
Quem aprova Henry Kissinger enfatiza seu papel na construção do mundo pós-1970, no realismo diplomático e nos serviços gerais para os Estados Unidos. Já quem não gosta dele lembra o envolvimento com golpes e ditaduras no sul global, como também sua ideia de que populações de países em desenvolvimento conquistando poder de compra e qualidade de vida seria uma ameaça à América.

Reação internacional
Líderes globais de diversas ideologias lamentaram a morte do diplomata e ele foi reverenciado como um estadista sábio e visionário com um legado intelectual que ainda influenciará a ordem mundial por muito tempo. Saudações vieram de Rússia, China, Ucrânia, Europa e dos próprios EUA. Palavras negativas vieram do Chile, em um comunicado que evidenciou “miséria moral”, isso se deve ao papel do político na derrubada do socialista Salvador Allende e apoio ao período ditatorial de Augusto Pinochet.
Henry Kissinger deixou Nancy, de 89 anos, viúva e tinha um casal de filhos, David e Elizabeth.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish