Terror no Equador
O crime organizado transformou o outrora tranquilo país sul-americano em um campo de guerra
Conflitos
Mortes violentas duplicaram para 8.008 em 2023 causadas pela desestabilização que acompanha o crescimento do tráfico de cocaína na nação, tendo se aproveitado da frágil situação política para dominar as prisões. No domingo, as autoridades policiais anunciaram o desaparecimento de Adolfo Macias, líder da organização criminosa conhecida como Los Choneros, da instituição prisional, onde cumpria uma pena de 34 anos. Atualmente, esforços estão sendo empregados para localizá-lo.
Paralelamente, a partir de segunda-feira (8), foram registrados episódios de violência em, no mínimo, seis estabelecimentos prisionais, resultando em mais de 150 guardas e outros funcionários mantidos como reféns pelos detentos. Em particular, na prisão localizada em Riobamba, observou-se a fuga de 39 prisioneiros, embora alguns já tenham sido recapturados.
Na terça-feira (9), a violência extrapolou os limites das prisões e alcançou as ruas. Sete agentes policiais foram sequestrados em diferentes incidentes ocorridos em todo o país e cinco explosões foram confirmadas em diversas cidades. Felizmente, não houve registro de feridos nestes eventos.
Governo
O jovem centrista Daniel Noboa, que foi eleito recentemente para assumir um mandato-tampão, enfrentará de vez o problema que foi eleito para combater e, para isso, conta com apoio da população e dos políticos, mesmo os de oposição. Na segunda-feira, Noboa proclamou um estado de emergência de 60 dias, uma estratégia anteriormente empregada por seu antecessor, Guillermo Lasso, porém com fracos resultados. Este decreto permite a realização de patrulhas militares, inclusive em instituições prisionais, e estabelece um toque de recolher noturno em âmbito nacional.
Em um decreto revisado e publicado na tarde de terça-feira, Noboa reconheceu a existência de um “conflito armado interno” no Equador e classificou diversas organizações criminosas, incluindo Los Choneros, como grupos terroristas. O decreto instrui as forças armadas a neutralizar esses grupos.
A coalizão liderada por Noboa detém a maioria na Assembleia Nacional, uma vantagem que Lasso não possuía. No entanto, alguns cidadãos equatorianos questionam por que o presidente não está adotando medidas mais severas contra as organizações criminosas.
Noboa tem planos de realizar um plebiscito focado em segurança ainda este ano. Este plebiscito incluirá questões ao público sobre se o governo deve revogar a proibição de extradição de equatorianos procurados no exterior e se a apreensão de bens de suspeitos criminosos deve ser permitida.