Internacional

Níger nacionaliza a água potável

O novo governo do país africano está empenhado em minar os efeitos do neocolonialismo europeu

O golpe
No dia 26 de julho de 2023, o Níger foi palco de um golpe militar, no qual o presidente Mohamed Bazoum e o general Abdourahamane Tchiani, chefe da guarda presidencial, foram capturados pelos seus próprios guardas. O general Tchiani se autoproclamou o novo líder de um conselho militar, logo depois de anunciar o sucesso do golpe. Esse foi o quinto golpe desse tipo desde a independência do país da França em 1960 e o primeiro em 13 anos. Especialistas apontam a alta do custo de vida e a “incompetência” do governo, além da intenção de Bazoum de trocar o general Tchiani, como as causas do golpe.
Em 2022, o país se tornou o foco das ações contra os jihadistas da França na área do Sahel, depois de ser expulsa do Mali e do Burkina Faso. Bazoum era visto como um dos raros líderes favoráveis ao Ocidente na área. O Níger se tornou um parceiro essencial para as forças ocidentais, especialmente francesas, americanas e turcas. Com vários golpes e o aumento do sentimento antifrancês na área, o Níger era a última esperança da França. Muitos guardas presidenciais teriam sido treinados por oficiais dos Estados Unidos. Os investimentos militares dos EUA no Níger incluem cerca de 1.100 soldados, drones, uma base secreta da CIA e milhões de dólares em auxílio.

Paralelamente, junto com o sentimento antifrancês, uma tendência favorável à entrada da influência russa e da companhia mercenária do Grupo Wagner começou a aumentar. A Rússia, por meio de Wagner, vem ocupando espaço em detrimento dos franceses na área, depois dos últimos golpes no Mali e no Burkina Faso. Ao mesmo tempo, a Turquia também ampliou sua influência.

A Água
O governo do Níger tomou uma medida significativa para se tornar autossuficiente, nacionalizando seu setor de água potável, terminando seu contrato antigo com a empresa francesa Veolia e sua filial, a Niger Water Exploitation Company (SEEN). Esse passo importante aconteceu quando o contrato de aluguel com a SEEN acabou em 31 de dezembro, encerrando mais de 20 anos de parceria.

Com o fim do contrato, uma nova entidade estatal, Nigerien des Eaux, assume o comando. A organização é responsável por operar, produzir e distribuir água potável em todas as áreas urbanas e semiurbanas do país, substituindo o SEEN. Essa mudança marca o começo de uma nova era no setor de água do Níger, com o governo tendo um papel mais ativo na administração desse recurso vital.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Mestrando em Ciências Políticas pela Universidad Europea del Atlántico; Graduado em Relações Internacionais e Graduando em História pela Multivix

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