O Medo
“Sua louca!” — Ana gritou, mas, eu quase não a ouvi.
Ela mergulhou logo atrás, dentro da água tentávamos encontrar a mesma correnteza de antes. Logo senti a força da água a tragar os meus pés. Fiz um sinal para Ana me seguir. Fui sugada para um imenso coral. Nós o analisamos. No desespero, eu a segurei, mas a correnteza nos levou direto para dentro de um buraco profundo e escuro. Confesso que naquele instante achei que seria mesmo o nosso fim. Nossos corpos colidiam com as pedras a cada segundo, elas estavam impregnadas de ostras afiadas e mariscos. Os cortes em nossa carne, deixavam um rastro de sangue perturbador. Descemos por mais de dois metros, em nossos olhares o pavor mútuo. Depois, as águas se acalmaram e ficamos em uma pequena caverna escura rodeada de pedras e encontramos um pequeno bolsão de ar. Após respirarmos um pouco, nossas preocupações se voltaram para o sangue que poderia atrair tubarões. Estávamos cansadas e o silêncio prevaleceu entre nós. Após alguns minutos, desci e verifiquei a profundidade, o lugar era estreito e assustador, achei mesmo que poderia ser o nosso túmulo, Ana estava em choque, preferi tentar resolver, mesmo com tanto medo…”.