Internacional

Nikki Haley: a adversária de Trump

Estrela republicana dos últimos meses, a ex-governadora da Carolina do Sul é a aposta da direita americana que não quer o retorno do ex-presidente, principalmente após a desistência de Ron DeSantis e Vivek Ramaswany

Quem é
Nascida Nimrata Randhawa Haley, mais conhecida como Nikki Haley, política e diplomata norte-americana, foi a 116ª governadora da Carolina do Sul e a 29ª embaixadora dos Estados Unidos na ONU. Haley, que é filha de imigrantes indianos, fez história como a primeira pessoa de origem indiana a ocupar um cargo no gabinete presidencial dos EUA, pelo Partido Republicano.
Antes de entrar na política, Haley trabalhou na empresa de roupas de sua família e liderou a Associação Nacional de Mulheres Empresárias. Em 2004, ela foi eleita para a Câmara dos Representantes da Carolina do Sul, onde serviu por três mandatos. Em 2010, ela se tornou a primeira mulher e a primeira pessoa de ascendência indiana a ser eleita governadora da Carolina do Sul, seguindo os passos de Bobby Jindal, governador da Louisiana.
Haley deixou o cargo de governadora em 2017, quando foi nomeada pelo presidente Donald Trump para ser a embaixadora dos EUA na ONU. Ela foi confirmada pelo Senado por uma ampla margem de 96 a 4 votos. Haley permaneceu na ONU até o final de 2018, quando renunciou ao cargo.
Em 2023, Haley lançou sua candidatura à presidência dos EUA, desafiando Trump nas primárias republicanas. Até o momento, Haley e Trump são os únicos candidatos de peso na corrida pela indicação do partido.

Campanha
Nikki lançou sua campanha presidencial para 2024, tornando-se a primeira mulher de cor a buscar a indicação republicana. Haley, que também foi governadora da Carolina do Sul, é vista como uma das principais rivais de Trump, que anunciou sua candidatura em 2022.
Haley posicionou-se como uma forte defensora de Israel e uma opositora do acordo nuclear com o Irã, prometendo “destruí-lo” em seu primeiro dia na Casa Branca. Ela fez essa declaração em uma conferência dos Cristãos Unidos por Israel em Washington, D.C., em julho de 2022, onde sugeriu sua intenção de concorrer à presidência.

Haley tem recebido apoio de alguns membros do Congresso, como os representantes Ralph Norman e Will Hurd, e de Cindy Warmbier, a mãe do estudante americano que morreu após ser libertado da prisão na Coreia do Norte. Ela também foi endossada pela Americans for Prosperity Action, um grupo ligado aos irmãos Koch, que são influentes doadores conservadores.

No entanto, Haley enfrenta uma dura competição de Trump, que continua a dominar as pesquisas de opinião entre os eleitores republicanos. De acordo com a CNN, Haley estava apenas sete pontos atrás de Trump (32%-39%) em New Hampshire, um dos primeiros estados a realizar as primárias, em janeiro de 2024. Em Iowa, outro estado-chave, Haley ficou em terceiro lugar com 19% dos votos no caucus de 15 de janeiro, atrás de Trump (51%) e do governador da Flórida, Ron Desantis (21%). Haley conseguiu vencer Trump por uma margem estreita no condado de Johnson, um reduto democrata.

Um dos maiores obstáculos para Haley é Tim Scott, o único senador negro republicano, nomeado por Nikki para o cargo em 2013, quando ele era governadora. Scott, que foi candidato à presidência em 2020, surpreendeu muitos ao endossar Trump em 19 de janeiro, e não Haley. A decisão de Scott gerou muitas críticas na mídia, que questionaram sua lealdade e motivação.

Bandeiras
Haley afirmou que reduziria o déficit orçamentário federal, cortando gastos com programas sociais como Medicare e Previdência Social. Ela também defendeu o aumento da idade de elegibilidade para esses programas e a aplicação de critérios de renda para os beneficiários. Ela criticou os pacotes de estímulo econômico aprovados pelo Congresso em 2020 e 2021, sob as administrações de Trump e Biden, respectivamente, por aumentarem a dívida pública.

Haley se manifestou contra o direito ao aborto, apoiando uma lei que proibiria o procedimento após 15 semanas de gestação, com algumas exceções. Ela disse que essa lei teria o apoio da maioria dos americanos e que assinaria uma proibição federal do aborto se fosse eleita. No entanto, ela não esclareceu qual seria o limite de tempo para essa proibição. Ela também expressou seu apoio ao acesso à contracepção.

Haley se opôs à educação sexual nas escolas, defendendo que os pais tivessem o direito de vetar o ensino de temas relacionados à sexualidade e gênero até a sétima série. Ela disse que respeitava a “liberdade” das pessoas se casarem com quem quisessem, mas que era contra a participação de mulheres transgênero nos esportes femininos, alegando que isso prejudicaria a competitividade das mulheres cisgênero.

Haley demonstrou simpatia pelas questões LGBT, ao se encontrar com Caitlyn Jenner, uma celebridade transgênero, na ONU em 2017, e ao defender sua amizade com ela em 2021, quando foi atacada por comentaristas de direita nas redes sociais. Haley também reprovou o ator Dean Cain, que zombou de sua relação com Jenner. No entanto, Haley assinou um manifesto de uma organização conservadora que afirmava que “somente as mulheres podem engravidar e ter filhos” e que pedia que o governo federal mantivesse a definição binária de sexo.

Haley propôs uma proibição do aplicativo de vídeo TikTok, alegando que ele representava uma ameaça à segurança nacional por seus vínculos com o governo chinês. Ela foi acusada de usar dados falsos para sustentar sua posição e de ser hipócrita, pois sua filha usava o aplicativo. Ela também foi criticada por seu rival Vivek, que disse que ela o ridicularizou por usar o TikTok para se comunicar com os eleitores.

Haley se distanciou de Trump, dizendo que seu mandato foi marcado por “caos, vingança e drama”. Ela disse que a América precisava de um líder que “estabilizasse o navio, não o afundasse”, e que ela apoiaria os aliados dos EUA, em vez de elogiar ditadores como Putin e Kim Jong Um.
Haley admitiu que a mudança climática era causada pela atividade humana, mas rejeitou políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Ela disse que essas políticas prejudicariam a economia e a soberania dos EUA.

Haley anunciou que era a favor dos limites de mandato para os membros do Congresso e dos “testes de competência mental obrigatórios para políticos com mais de 75 anos de idade”. Essa proposta recebeu reações mistas dos senadores dos EUA, alguns dos quais se sentiram ofendidos e discriminados.

Futuro
Mesmo que a ex-governadora não alcance sucesso na campanha atual, vale lembrar que Donald Trump pode exercer apenas um mandato. Com projeções de vitória republicana, Nikki disputará a próxima indicação partidária com Ron DeSantis e Vivek Ramaswany.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix

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