Privatização de Machu Picchu provoca greve e prejudica turismo arqueológico
Na última quinta-feira (25), manifestantes bloquearam o acesso ao sítio arqueológico, impedindo o funcionamento do transporte ferroviário em um dos destinos mais procurados por turistas brasileiros
Por Pablo Nogueira
Um dos maiores destinos de turistas brasileiros na América do Sul passa por uma crise. Desde a semana passada, as ruas da região de Cusco, no Peru, viraram palco para protestos da população contra a privatização da venda de ingressos para visitar Machu Picchu.
O foco dos protestos é a decisão do governo ao escolher a empresa Joinnus. Ela faz parte da maior instituição financeira do Peru e faria a venda on-line exclusiva dos ingressos de acesso à Machu Picchu. Isso sinaliza uma possível privatização.
Na última quinta-feira (25), os manifestantes bloquearam o acesso ao sítio arqueológico, impedindo o funcionamento do transporte ferroviário. Até segunda-feira (29) desta semana, a ferrovia seguia com bloqueios.
Desse modo, muitos visitantes não conseguiram ir à Machu Picchu. Isso evidencia ainda mais a crise no turismo do Peru, que se recuperava após os protestos do ano passado, sobretudo na região dos Andes. O contrato determina que a Joinnus receberá 3,9% da venda de cada ingresso, recebendo mais de R$ 15 milhões anualmente, enquanto o orçamento para a manutenção de Machu Picchu fica em torno de R$ 3,9 milhões.
Além disso, a decisão do governo peruano em aumentar o limite de visitantes diários de 3.800 para 4.500, embora existam problemas envolvendo a lotação, garante mais lucros adicionais para a Joinnus.
Privatização de Machu Picchu gera preocupação sobre dados
Segundo jornais peruanos, os sindicatos dos setores de transporte e turismo de Machu Picchu dizem que a parceria entre a Joinnus e o governo do Peru constitui uma fraude conforme as leis peruanas. Esses trabalhadores acreditam que a implementação da plataforma de vendas da Joinnus é um passo para privatizar Macchu Picchu.
Além disso, o Comitê Para Defesa de Machu Pichu demonstrou preocupações em relação à privacidade devido à coleta de dados nas vendas dos ingressos. A Joinnus coleta informações pessoais de cada turista que visita Machu Picchu, que anualmente recebe milhões de pessoas. No entanto, o contrato não apresenta diretrizes sobre o gerenciamento ou possível venda de dados.
Por fim, manifestantes apontam para o monopólio da Joinnus na venda on-line de ingressos em outros sítios arqueológicos, além de Machu Picchu, como uma tendência de privatização do patrimônio cultural do Peru.
Fonte: Giz Brasil