Internacional

Eleições no Senegal são adiadas

Decisão de Macky Sall ocorreu às vésperas do início da campanha oficial para o pleito de 25 de fevereiro

O Senegal vive um momento de crise política depois que o presidente Macky Sall anunciou o adiamento das eleições presidenciais previstas para este mês, causando manifestações e a suspensão da internet móvel no país.

O adiamento das eleições e os protestos
A decisão de Sall, que ocorreu às vésperas do início da campanha oficial para o pleito de 25 de fevereiro, gerou indignação no país africano. No domingo, líderes opositores e seus seguidores foram às ruas e enfrentaram a polícia, que usou gás lacrimogêneo para dispersar os protestos, segundo relatos da imprensa local.
Sall, que está no seu segundo e último mandato, que termina em abril, alegou que o adiamento se deve a controvérsias sobre a lista final de candidatos, que deixou de fora dezenas de postulantes da oposição. Jovens revoltados atearam fogo em pneus e um manifestante declarou aos jornalistas:

Estamos nos defendendo. Ele (Sall) interfere na constituição, na mídia, no povo. Ele faz de tudo para nos dificultar… Não estamos lutando por uma causa simples, estamos lutando pela liberdade”.

O ministério das comunicações do país informou na segunda-feira (12) que os serviços de internet móvel foram “temporariamente interrompidos”, alegando a necessidade de impedir “a propagação de várias mensagens de ódio e subversão nas redes sociais em um contexto de ameaças à ordem pública”.

A lista de candidatos e as acusações de repressão
Os atos de domingo agravaram um cenário político já turbulento, onde Sall é acusado de reprimir a oposição e de não combater o desemprego. A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Africana manifestaram preocupação com o adiamento do pleito por Sall e pediram às autoridades senegalesas que “realizem as eleições o mais breve possível”.

Um porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, disse que a organização estava “monitorando de perto a situação no Senegal”. “Para o Secretário-Geral é muito importante que todos os envolvidos mantenham um clima pacífico e evitem a violência e qualquer ação que possa prejudicar o processo democrático e a estabilidade no Senegal”.

Ele acrescentou que os envolvidos devem “resolver rapidamente as divergências por meio do consenso e, especialmente, de acordo com a tradição de longa data do Senegal de governança democrática”.

Sall anunciou na televisão que pretendia ter uma discussão nacional para definir regras claras e justas para a próxima eleição. Ele expressou preocupações sobre como a lista de candidatos foi elaborada e adiou a eleição para permitir uma investigação sobre como os candidatos foram selecionados.

A lista de candidatos foi divulgada no mês passado pelo Conselho Constitucional do país, uma instituição que fiscaliza questões eleitorais. A lista incluía o atual primeiro-ministro Amadou Ba, que foi indicado por Sall como seu possível sucessor, bem como o ex-primeiro-ministro Idrissa Seck.

A lista excluiu o destacado líder da oposição Ousmane Sonko, que conta com amplo apoio entre a juventude senegalesa, e Karim Wade, filho do ex-presidente Abdoulaye Wade.
Wade, que foi desqualificado pelo conselho por ter dupla nacionalidade, reclamou que foi injustamente excluído dizendo que renunciou à nacionalidade francesa em outubro do ano passado.

Ele e seu partido estão entre aqueles que pedem um adiamento nas eleições para permitir uma investigação que irá restabelecer sua candidatura. O Partido PASTEF de Sonko, no entanto, criticou o adiamento da eleição, descrevendo-a como “uma grave ameaça” à democracia do Senegal. Sonko foi impedido de concorrer depois que a Suprema Corte senegalesa confirmou sua condenação por um caso de injúria. No ano passado, Sall afastou rumores de que pretendia concorrer novamente após seu silêncio sobre o assunto provocar protestos fatais no país.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix

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