Saúde

Nova técnica de tratamento para fertilidade é descoberta

Cientistas australianos conseguem aumentar mobilidade de espermatozoides em até 266% via ultrassom não invasivo

Por Rodrigo Mozelli 

Cientistas da Universidade Monash (Austrália) conseguiram aumentar a mobilidade de espermatozoides lentos em até 266% via ondas de ultrassom não invasivas de 40 MHz. Essa técnica promissora abre portas para novos tratamentos de fertilidade não invasivos. Pela primeira vez, os pesquisadores conseguiram reviver espermatozoides imóveis ao expô-los à microgotas durante breves rajadas de ultrassom, resultando em 59% dos indivíduos tratados para fertilidade retomando a mobilidade.

Esta pesquisa da equipe de engenharia da Universidade Monash traz nova esperança para homens com defeitos graves na qualidade do esperma. A nova abordagem que utiliza a estimulação por ultrassom permite que o movimento dos espermatozoides seja melhorado em mais de 250%. Isto abre novas opções de tratamento, especialmente para homens que produzem espermatozoides que não apresentam o movimento habitual de natação. Nestes homens, é difícil distinguir entre espermatozoides mortos e imóveis”, explica Luk Rombauts, professor associado e diretor de pesquisa clínica da Monash IVF Austrália.

Segundo o New Atlas, o estudo consistiu na análise de 50 amostras de sêmen, divididas em grupos de espermatozoides rápidos, lentos e imóveis, e constatou que a motilidade aumentou de 64% para 90% após o tratamento. No entanto, ainda não está claro quanto tempo dura esse aumento de atividade.
A motilidade dos espermatozoides é essencial para aumentar as chances de fertilização bem-sucedida, o que potencialmente reduz a necessidade de procedimentos caros e invasivos, como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI, na sigla em inglês).

A técnica de ICSI consiste em injetar diretamente um espermatozoide em um óvulo extraído, sendo etapa extra delicada e custosa no tratamento de fertilização in vitro. O aumento da mobilidade pode auxiliar homens com oligospermia — baixa contagem de espermatozoides — a evitar essa etapa.
O ultrassom parece trazer melhoria significativa na motilidade dos espermatozoides, afirma o Dr. Frank Quinn, Diretor Médico da IVF Austrália. Essa tecnologia seria útil para homens com grave oligospermia e baixa mobilidade dos espermatozoides, além de auxiliar embriologistas na seleção de espermatozoides para injetar nos óvulos em pacientes de fertilização in vitro.

Seria potencialmente útil em casais que necessitam de recuperação cirúrgica de esperma para colher esperma como parte de um ciclo de tratamento de fertilização in vitro. O esperma recuperado de amostras testiculares, na melhor das hipóteses, está apenas se contorcendo e qualquer dispositivo ou aplicação para aumentar a motilidade espermática e a seleção de espermatozoides e, possivelmente, melhorar o resultado é monitorado com entusiasmo”, afirma o Dr. Frank Quinn.

No entanto, uma preocupação mencionada pelo Dr. Quinn é que o estudo ainda não aborda a duração da motilidade após a aplicação do ultrassom. Durante o tratamento de fertilização in vitro, os espermatozoides precisam se manter móveis por longos períodos para fertilizar os óvulos.

Os resultados sugerem que o tratamento de alta frequência pode suspender disfunções mitocondriais que causam o enfraquecimento e a lentidão dos espermatozoides. Embora a aplicação clínica ainda seja objetivo distante, os pesquisadores planejam investigar como o ultrassom afeta a função celular dos espermatozoides lentos e se a motilidade dos espermatozoides tratados pode ser sustentada. Essa nova técnica não invasiva, que preserva a integridade e viabilidade do DNA dos espermatozoides, oferece aos especialistas em fertilização in vitro maneira melhor de selecionar espermatozoides saudáveis, afirma Rombauts.

Melhorar o movimento dos espermatozoides também pode resultar em maiores taxas de fertilização e desenvolvimento embrionário e, em última instância, no nascimento de mais bebês, embora isso precise ser confirmado por mais estudos clínicos”, afirma Luk Rombauts, professor associado e diretor de pesquisa clínica da Monash IVF Austrália.

O estudo foi publicado na Science Advances.

Fonte: Olhar Digital

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