Violência e insegurança limitam o crescimento da economia brasileira
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2024/02/violencia-e-inseguranca_gettyimages.jpg)
Número de homicídios intencionais no Brasil é dez vezes superior à média mundial
Por Vandré Kramer
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2020/02/Logo_Mizu.png)
A insegurança e a violência custam caro para a economia brasileira. Um estudo realizado por economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que a economia brasileira poderia crescer 0,6 ponto percentual a mais se a criminalidade recuasse para a média mundial. Para este ano, a projeção do Fundo é de uma expansão de 1,7% do PIB brasileiro.
A violência é um problema sério que afeta uma série de decisões que têm impacto no dia a dia das pessoas: onde morar, onde investir”, ressalta a coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joana Monteiro.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2020/02/barao-das-carnes-300x164-1.jpg)
Ela aponta que um dos piores impactos vem do crime organizado. No Rio de Janeiro, por exemplo, ele está envolvido com distribuição de gás, construção civil e comércio de bebidas. “Isso impede a concorrência”, diz Monteiro. Há também ameaças a empresas, das quais são cobradas taxas de proteção.
O Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) aponta que em 2021 o Brasil registrou 21,26 homicídios por grupo de 100 mil habitantes. É quase dez vezes o índice mundial, de 2,24 homicídios a cada 100 mil.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Precisao-Contabilidade-1024x724.jpg)
Na América Latina e Caribe, o número brasileiro só foi inferior ao das Bahamas. Belize, Colômbia, Honduras, Jamaica, México, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Trinidad e Tobago.
Segundo os economistas do FMI, a criminalidade e a violência são problemas graves na América Latina e no Caribe. Os índices de criminalidade, medidos pelos homicídios intencionais notificados, são historicamente altos e pioraram recentemente em muitos países da região.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/03/nova-logo-Marquetti.jpg)
A América Latina e o Caribe tiveram aumentos anuais das taxas de homicídios de cerca de 4% nas últimas duas décadas. Quase metade das vítimas de homicídio intencional no mundo são da região, apesar de ela representar apenas 8% da população mundial, de acordo com dados das Nações Unidas.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/12/pegoretti-logo-pdf-1024x389.jpg)
Os impactos da violência sobre a economia
O levantamento feito pelos economistas do FMI aponta que a criminalidade acarreta custos macroeconômicos consideráveis. Os resultados da pesquisa sugerem que um aumento de 1% nas taxas de homicídio reduz o crescimento do PIB em 0,3 ponto percentual.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/FERRARI_MAQUINAS-E-FERRAMENTAS2.jpg)
Isso ocorre por meio da queda na acumulação de capital e da redução no crescimento da produtividade”, destaca o estudo, assinado por Rodrigo Valdés, diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, e Rafael Machado Parente.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2020/02/CONTROL-CS.jpg)
Valdés e Parente apontam que a criminalidade dificulta a acumulação de capital, possivelmente por dissuadir os investidores, que temem roubos e violência. E prejudica a produtividade, pois tende a desviar recursos para investimentos menos produtivos, como em segurança residencial.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2020/02/Banner-2.png)
Estimativas sugerem que os ganhos com a redução da violência na América Latina e Caribe para índices próximos à média mundial poderia aumentar o crescimento do PIB regional em até meio ponto percentual. O Fundo prevê que a região irá crescer 1,9% em 2024 e 2,5%, em 2025.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/08/ITH.jpeg)
Gastos com manutenção da ordem e segurança pública são grandes na América Latina e Caribe
Os gastos com manutenção da ordem e segurança pública são elevados na região. No Brasil, eles correspondem a pouco mais de 1% do PIB, de acordo com o UNODC. Na Jamaica, é mais do que o triplo. Parente aponta que, apesar de níveis elevados de gastos com ordem e segurança serem necessários para evitar mais crimes, isso sugere que práticas mais eficazes de combate ao crime poderiam liberar recursos significativos para outras despesas prioritárias.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2020/02/logo_esteio.jpg)
Esses outros gastos prioritários poderiam, ao atacar os obstáculos estruturais ao crescimento, gerar oportunidades de trabalho para reduzir os níveis de criminalidade na região”, diz.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/08/BKR-1024x1021.jpg)
Os economistas do Fundo apontam que há outros recursos valiosos em termos de evidências científicas sobre a eficácia das soluções de segurança e justiça existentes. Uma delas é a Plataforma de Evidências em Segurança e Justiça do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/09/vetorvix1024_1.jpg)
A plataforma destaca, por exemplo, a escassez de evidências quanto à eficácia do reconhecimento de placas de veículos na redução de violência no trânsito. E aponta que as políticas de preços e tributação das bebidas alcoólicas têm impactos positivos na redução da violência em determinadas situações.
Os economistas também apontam que a criminalidade é uma questão de natureza socioeconômica, com consequências de longo alcance e uma variedade de raízes interligadas.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2024/01/consultoria-ambiental.jpg)
Ao priorizar estratégias mais eficazes de combate ao crime, os governos da região não só aumentariam a segurança pública, mas elevariam o potencial econômico da região”, ressaltam.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/03/logo-Panper_portal.jpg)
Um caminho apontado para isso, de acordo com os especialistas, seria incrementar a colaboração entre autoridades, instituições financeiras internacionais, o meio acadêmico, ONGs e o setor privado para encontrar alternativas e maneiras de eliminar esse obstáculo ao crescimento.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2020/02/logo-Rapuzel-1024x571.jpg)
Fonte: Gazeta do Povo