Educação

Transtornos de aprendizagem — Parte 3

Dislexia também é conhecida como Transtorno de Leitura

A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica que afeta a capacidade do cérebro em fazer conexões entre sons e símbolos. Causado por uma alteração cromossômica hereditária. O aluno com dislexia enfrenta problemas para decodificar signos, isto é, letras e construções frases, reconhecer significado das palavras e compreender os conceitos ortográficos utilizados pela língua podem ser percebidos ainda na fase pré-escolar. Logo, seu maior desafio se encontra na leitura e, por consequência, também na escrita. Há diferentes graus de dislexia, descritos como leve, moderado e severo. O grau de dislexia baseia-se, em geral, na severidade das dificuldades apresentadas pelo indivíduo.

Os professores e família precisam estar atentos principalmente na fase de alfabetização. Irão apresentar:
• Lentidão ou hesitação para escolher as palavras e dar nome a letras e desenhos;
• Atraso no desenvolvimento da fala e linguagem;
• Dificuldade em atividades que envolvam palavras ou rimas e combinações de sons, como aprender músicas;
• Inversão de palavras ou sílabas na hora de escrever;
• Falta de interesse em livros;
• Desenvolvimento lento da atenção e coordenação motora.

Os sintomas característicos podem ser confundidos com preguiça, desânimo, desinteresse ou até mesmo irreverência, mas é preciso que a criança seja encaminhada para uma avaliação multidisciplinar, que envolve neuropsicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo.

De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta. Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem. Dia de 16 de novembro é o Dia Nacional de Atenção à Dislexia. Dislexia não é deficiência mental, nem intelectual. A dislexia é só um jeito de ser!

Existem três tipos de dislexia

  1. Dislexia visual
    Como o próprio nome diz, na dislexia visual, o aluno tem dificuldade em visualizar corretamente as palavras e reconhecer o lado correto das letras e números, o chamado escrito espelhado.
  2. Dislexia auditiva
    Na dislexia auditiva, o aluno disléxico não consegue perceber completamente os sons, o que também afeta diretamente a compreensão (consciência fonológica) do que ele ouve. Com prejuízos também na reprodução das palavras e dos sons. Muitos alunos se faz necessário realizar a fonoaudiologia (PAC).
  3. Dislexia mista
    Dislexia mista envolve a dificuldade visual e a dificuldade auditiva, ao mesmo tempo.

Inclusão do aluno disléxico
Se faz necessário todos os envolvidos participar: família, professores, equipe pedagógica, terapeutas e o profissional da saúde. Visto que a intervenção em conjunto o ajudará em sua baixa autoestima, medo de errar, insegurança, desanimo e baixa resistência a frustrações.

A inclusão se tem por objetivo propor manejos e estratégias adequadas em sala de aula como:
• Métodos de alfabetização sintéticos e analíticos não funcionam.
• O aluno com dislexia consegue lograr sucesso na alfabetização com métodos de alfabetização multissensoriais, com imagens significativas, métodos globais e método fonético ou chamado método das “Boquinhas”.
• O aluno com dislexia precisa sempre olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala.

• Assim sendo, o aluno com dislexia associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos falar-ouvir-ler-escrever, são atividades da linguagem. Falar e ouvir são atividades com fundamentos biológicos.
• Estratégias compensatórias, como o uso de audiobooks e anotações utilizando um gravador digital, podem ajudar as crianças nas séries do ensino fundamental posterior a dominar o conteúdo e, ao mesmo tempo, continuar a construir habilidades de leitura.

• A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do: meio ambiente compreensivo e trato vocal.
• Organização do cérebro.
• Sensibilidade perceptual para falar os sons.
• Uso frequente de materiais concretos e de apoio.

Em resumo: a dislexia é só um jeito de ser! Tratemos de nossas crianças e adolescentes com a pedagogia que funciona que é a do amor e acolhimento. Se ela não funcionar, nada mais funciona. É de suma importância o diagnóstico precoce de dislexia para evitar que sejam atribuídos aos alunos com a suspeita da dislexia rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua autoestima e assim evitando prejuízos no desempenho escolar e social e projeto de vida.

Léia Flauzina

Léia Flauzina

Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta

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