Educação

Os desafios do aluno neurodivergente em sala de aula

O termo “neurodivergente” no campo educacional é historicamente novo tendo sido oficialmente registrado em 1988 pela socióloga australiana Judy Singer como sinônimo de biodiversidade neurológica, porém a neurodiversidade já faz parte do cotidiano das escolas em todo Brasil sendo questionada pelos pioneiros da educação desde o final do século XIX. Para promover uma educação inclusiva, o professor precisa conhecer as características da neurodiversidade.
Um aluno neurodivergente é aquele cujo cérebro funciona de forma diferente do que é considerado neurologicamente típico. Isso pode incluir uma ampla variedade de condições, como autismo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dislexia, síndrome de Tourette, síndrome de Asperger, entre outras. Com o avanço da ciência, hoje se tem pesquisas que indicam que o cérebro humano funciona de maneira diferente para cada indivíduo. Ao identificar as formas atípicas do neurodesenvolvimento, os profissionais da neurociência chegaram ao conceito de neurodiversidade, que promove a ideia de que todos os indivíduos são diferentes, inclusive em seu funcionamento neurocognitivo.

A inclusão dos alunos neurodivergentes nas escolas apresenta grandes desafios, tanto para os próprios alunos como para os professores e o próprio sistema educacional em geral. Muitos alunos têm diferentes maneiras de pensar, aprender e processar informações e essas diferenças são tão naturais quanto a diversidade biológica encontrada em outras espécies.

A inclusão da criança neurodivergente deve estar muito além da sua presença na sala de aula; deve almejar, sobretudo, a aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades e potencialidades, superando as dificuldades. A aprendizagem dos alunos não é fácil, contudo fica evidente que, com dedicação, recursos e estratégias, os alunos podem alcançar uma aprendizagem mais independente e com qualidade.

Capacitação dos professores: percebe-se, que é imprescindível que o professor busque a formação continuada, procurando, assim, preencher essa lacuna existente em sua formação inicial, para estar apto às diversas situações que necessitam entender à neurobiologia do seu aluno. A neurodiversidade é uma forma de descrever e comprovar que nossos cérebros são diferentes uns dos outros, e isso não é algo ruim.

Realizar adaptações no ambiente: como organizar a rotina, procurar diminuir as alterações do ambiente da sala de aula, de forma a acomodar as diferentes necessidades, de maneira que os alunos neurodivergentes sintam-se acolhidos. É um passo importante para entender melhor suas características e saber que não existe uma padronização quando falamos de seres humanos. Com tais estratégias os desafios dos alunos neurodivergentes terão um impacto menor.

A importância dos professores e demais profissionais da educação conhecerem os princípios e os alicerces que sustentam a inclusão dos alunos neurodivergentes minimiza as práticas excludentes, quebrando barreiras da aprendizagem, enfrentando os desafios e aproveitando ao máximo suas habilidades que são únicas; eliminando o preconceito e explorando esses potenciais em vez de focar apenas nas limitações ou desafios que algumas condições neurológicas podem apresentar.

Assim, os alunos neurodivergentes devem ser reconhecidos e respeitados, sem discriminação ou estigmatização. Essa mudança de visão nos últimos anos vem alterando a maneira como a neurodiversidade cada vez mais está centrada no sistema educacional trazendo uma maior aceitação para as famílias, e, embora seja verdade que ainda há um longo caminho a percorrer e a modificar os preconceitos que a sociedade tem de todas as pessoas neurodivergentes. É importante reconhecer que somos todos neurodiversos justamente porque, embora pertençamos à mesma espécie, não há dois cérebros iguais. Os demais alunos ganham em conviver com a neurodiversidade, eles serão adultos que enxergarão isso com naturalidade, promovendo um conjunto de atividades.

A inclusão escolar é o pilar de uma sociedade mais justa e igualitária. Com o objetivo de atingir uma aprendizagem por meio da interação, dando a oportunidade de todos de manipular diferentes materiais, entre outros recursos, destacado em sala de aula, favorecendo oportunidade a todos de participarem das diferentes metodologias de ensino e aprendizagem junto com alunos neurodivergentes e aprendendo e compreendendo as dificuldades do próximo.

É necessário que em todas as áreas sociais de representatividade envolvidas na educação dos alunos neurodivergentes os responsáveis lutem para que exista coerência em termos de objetivos e procedimentos educativos, ao mesmo tempo em que definam os níveis de estrutura e previsibilidade social e educacional que são essenciais para que o desenvolvimento ocorra com atitudes positivas.

Léia Flauzina

Léia Flauzina

Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta

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