Educação

A importância das funções executivas na aprendizagem

As funções executivas são um conjunto de habilidades cognitivas que permitem às pessoas controlar o seu comportamento, pensamento e emoções para alcançar suas metas. São habilidades de grande importância para a aprendizagem, pois permitem que os alunos gerem o seu tempo, organizem informações, sejam flexíveis e resolvam problemas. As funções executivas incluem memória de trabalho e flexibilidade mental. Elas permitem que as pessoas sigam instruções, se concentrem, controlem as emoções. As funções executivas também ajudam a fortalecer fatores cognitivos e emocionais.
Quando trabalhadas na infância, no ambiente escolar, podem ajudar a solucionar problemas na aprendizagem de um modo geral. Elas desenvolvem-se progressivamente ao longo da vida, desde o nascimento até à idade adulta, e sofrem um declínio com o avanço da idade.

O desenvolvimento das funções executivas ocorre de maneira constante nos primeiros anos de vida, por volta dos quatro anos de idade. A partir daí o desenvolvimento continua na adolescência, quando as pessoas desenvolvem a capacidade de alternar o foco de atenção e adaptar o seu comportamento ao contexto.

Onde ficam as funções executivas? As funções executivas dependem de um circuito neural cerebral, que fica situado no córtex pré-frontal e é responsável por coordenar e integrar todas as funções cognitivas, afetivas e executivas. Os estudos realizados em relação as funções executivas e aprendizagem revelam o controle atencional como um fator determinante no desempenho das crianças. A atenção, a memória de trabalho e o controle inibitório são algumas das Funções Executivas fundamentais para a aprendizagem.

A atenção permite que os alunos se concentrem em informações relevantes e ignorem distrações, enquanto a memória de trabalho permite que eles mantenham as informações em mente para realizar tarefas cognitivamente exigentes. Já o controle inibitório permite que eles suprimam respostas automáticas ou impulsivas e ajuda no planejamento e tomada de decisão.

Quando estão bem desenvolvidas, os alunos têm melhor capacidade de aprendizagem e desempenho acadêmico. Como uma orquestra, cada uma das funções executivas trabalha em conjunto em várias combinações. No entanto, quando essas funções estão prejudicadas, podem ocorrer dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais e desafios emocionais.

Um conjunto diversificado de competências executivas deve ser aprimorado:
➜ Atenção
(sustentação, foco, fixação, seleção de dados relevantes dos irrelevantes, evitamento de distratores, etc.);
➜ Percepção (intraneurossensorial, interneurossensorial, metaintegrativa, analítica e sintética, etc.);
➜ Memória de trabalho (localização, recuperação, rechamada, manipulação, julgamento e utilização da informação relevante, etc.);
➜ Controle (iniciação, persistência, esforço, inibição, regulação e auto avaliação de tarefas, etc.);
➜ Ideação (improvisação, raciocínio indutivo e dedutivo, precisão e conclusão de tarefas, etc.);
➜ Planificação e antecipação (priorização, ordenação, hierarquização e predição de tarefas visando a atingir fins, objetivos e resultados, etc.);
➜ Flexibilização (autocrítica, alteração de condutas, mudança de estratégias, detecção de erros e obstáculos, busca intencional de soluções, etc.);
➜ Metacognição (auto-organização, sistematização, automonitorização, revisão e supervisão, etc.);
➜ Decisão (aplicação de diferentes resoluções de problemas, gestão do tempo evitando atrasos e custos desnecessários, etc.);
➜ Execução (finalização e concomitante verificação, retroação e referenciação, etc.).

É importante ter um olhar frente a cada estágio do desenvolvimento das crianças e estimulá-las adequadamente em seu desenvolvimento integral. Defasagem no desenvolvimento das habilidades que envolvem a função executiva pode levar as crianças a diferentes dificuldades que estão relacionadas a aprendizagem.

Sendo assim é importante uma intervenção expondo as crianças a atividades direcionadas, estruturadas para que consigam alcançar o mais cedo possível o desenvolvimento das mesmas, levando-as a economia de tempo na realização das atividades e maior assertividade. Também podemos incluir o uso de recursos educacionais como a tecnologia para ajudar os alunos a superar desafios de aprendizagem específicas relacionadas às Funções Executivas, como dificuldades com a organização ou a execução de tarefas complexas.

A neurociência educacional tem mostrado que o desenvolvimento dessas habilidades pode ser aprimorado por meio de estratégias de ensino, treinamento cognitivo, alimentação saudável, exercícios físicos e sono adequado. Além disso, os pais e professores desempenham um papel importante em seu desenvolvimento adequado. Eles podem ajudar a criar ambientes que promovam o desenvolvimento dessas habilidades e incentivar comportamentos que as fortaleçam, como a leitura e a prática de atividades que exijam planejamento e organização. Com uma compreensão mais profunda dessas habilidades e sua relação com a aprendizagem, podemos ajudar nossos alunos a alcançarem o seu potencial. Assim potencializando o aprendizado adquirido na escola para a vida.

Léia Flauzina

Léia Flauzina

Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta

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