Economia

Transformando dados em dinheiro

Como estão sendo tratados os dados do seu negócio? Eles agregam inteligência à tomada de decisões?

Por Fernanda Ventura

As empresas, os negócios e os mercados geram uma infinidade de dados e informações, que aumentam a cada dia. Você concorda que um tratamento adequado desses elementos pode trazer muitas vantagens competitivas para sua empresa?
Desde 1999, quando fiz minha primeira pós-graduação em Marketing e Tecnologia da Informação, já era evidente que a tecnologia mudaria o rumo dos negócios, no que diz respeito ao conhecimento. Internet, sites de busca e rede sociais começavam a fazer parte do nosso dia a dia. Logo em sequência, em 2000, no ano da bolha, fiz uma especialização em Gestão de Negócios na Internet, e acompanhei sua repercussão, sendo que dois fatores me chamaram atenção:
(1) movimento especulativo — as empresas geraram expectativa de crescimento sem planejamento.
(2) corrupção corporativa — as empresas realizaram fraudes, forjando indicadores para atrair investimentos.

Foram necessárias adequações para que o mercado se tornasse sustentável. Uma delas foi a própria bolha que eliminou as empresas que não tinham como sustentar um crescimento fictício. A outra, para combater as práticas fraudulentas, foi o sancionamento, nos USA, de uma lei para proteger os investidores e os integrantes das empresas de capital aberto, a SOX, que padronizou os relatórios contábeis e responsabilizou criminalmente os executivos responsáveis pelas empresas.

Após as necessárias adequações, tecnologia e marketing caminharam lado a lado e encabeçaram, desde então, uma revolução nas empresas; tornando informação, globalização e redes, os pilares da economia atual.
Dados, para que tenham valor, precisam permitir fazer análises, gerar insights, ter ideias, enxergar tendências e perceber variações. O famoso “transformar dado em informação”. E a partir dessa leitura, corrigir desvios, revisar planos ou desenvolver novidades.

É necessário que a coleta de dados seja confiável, que os dados sejam devidamente tratados e, o mais importante, que estejam disponíveis no momento adequado. As grandes empresas e as líderes de mercado já entenderam, há algum tempo, a importância da cultura Data-driven, e têm investido em seus projetos de business intelligence (BI), nas suas equipes do departamento de inteligência e no desenvolvimento ou fortalecimento de uma cultura focada em análise de dados para tomada de decisão.

E as pequenas e médias empresas?
Bem, a situação costuma ser um pouco diferente. O usual é que já possuam até muitos dados, mas isolados, sem uma organização que agregue inteligência ao negócio. Até usam um sistema de gestão on-line ou um Planejamento de Recursos Empresariais (ERP, na sigla em inglês) mais robusto, mas, normalmente, com aplicação pontual relativa à operação ou ao contas a pagar e a receber. Também é comum alguma dinâmica de Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM, na sigla em inglês) para gestão da captação e desenvolvimento de clientes. E as redes sociais costumam ser bem utilizadas. Entretanto, está tudo desconectado. Não é possível fazer análise alguma. Não é possível tirar proveito dos dados.

O que se ganha com a cultura Data-driven?
Previsibilidade, agilidade e maior assertividade na tomada de decisões. Diminui o “achismo” e a dependência da sorte.

Não conheço os dados do meu negócio, por onde começar?
Lembrem-se da sequência:
DADO ESTRUTURADO > ANÁLISES > INFORMAÇÕES > COMPARAÇÕES > TOMADA DE DECISÕES.
Definam a operação:
1- como será COLETADO e por quem: app, sistema, formulário do Google, arquivo do Excel, formulário de papel.
2- como será TRATADO e apresentado: tabela, relatório, gráfico.
3- quando será DIVULGADO, de quanto em quanto TEMPO: em tempo real, todo dia, toda semana, todo mês.
Importante reforçar que a tecnologia pode agregar em muito para o tratamento e a utilização dos dados de uma empresa, mas o entendimento das variáveis que interferem e definem os resultados do seu negócio é o primeiro passo.

Ponto para reflexão: lembram no início do texto quando eu falei das adequações após a bolha da internet?
Pois é, hoje temos uma profusão de dados e os desafios são outros. Ouvi de um sociólogo sobre uma pessoa que acreditava que a internet e as redes sociais seriam a solução para a informação confiável, porque não teria a interferência dos grandes grupos de comunicação. Doce ilusão!

Hoje, as redes sociais têm inúmeros desafios como o combate à desinformação, ao extremismo e ao uso inadequado dos dados. Foi necessária a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Mas o que precisa ficar claro é que não tem nada perfeito, tudo está em construção e cabe a nós nos posicionarmos e contribuirmos para o desenvolvimento dos mercados e da sociedade.

Assim como aconteceu a bolha da internet, em 2000, para ajustar distorções daquele momento, agora são necessárias leis para moderar a utilização de dados. Nem tudo são flores!
Como estão sendo tratados os dados do seu negócio? Eles agregam inteligência à tomada de decisões?

Fernanda Ventura
Engenheira civil, especialista em Governança e Gestão

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