Meio ambiente

Nova espécie de cacto é descoberta no Ceará

Nova espécie está presente apenas em quatro municípios do Ceará; saiba o motivo da ameaça de extinção

Um estudo recente mostrou que uma nova espécie de cacto, batizada de cacto cearense, foi identificada em solo brasileiro. A descoberta foi publicada no fim de julho de 2024 no periódico científico Rodriguésia, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RJ).
Conforme a revista científica, por questões envolvendo a crise climática e a mão humana, apesar de recém-descoberta, a espécie de cacto também se encontra em perigo de extinção. Os pesquisadores botânicos foram a campo em dezembro de 2022. A intenção era percorrer o interior do Ceará para levantar os locais que têm ocorrência de cacto e quais são seus tipos. Durante a expedição, foram encontradas oito tipos de populações de cactos.

Em análise laboratorial, cientistas perceberam que o cacto cearense era confundido com outra espécie, a Tacinga-palmadora, popularmente conhecida como cacto-palmatória. Para confirmar que tratava-se de uma nova espécie, os cientistas fizeram teste morfológico e analisaram as principais diferenças de tamanho, densidade de espinhos e os formatos das flores, além de estudar a genética das plantas através dos cromossomos.

Assim que conseguiram confirmar a hipótese, resolveram, então, batizar a nova espécie de Tacinga-mirim. O nome foi escolhido por seu tamanho e pela semelhança com a ‘sósia’. A descoberta é assinada pelos pesquisadores Marcelo Oliveira Teles de Menezes, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), e Lânia Isis Ferreira Alves, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O cacto cearense recebeu o nome científico de Tacinga-mirim, pois, diferente de seu ‘sósia’, ele cresce apenas 50 centímetros. A Tacinga-palmadora, por sua vez, pode chegar a quatro metros de altura. Seu local nativo é outro fator que o separa de seu ‘primo’. Enquanto a Tacinga-palmadora tem distribuição que se estende pela Bahia até o Rio Grande do Norte, a Tacinga-mirim ocorre apenas no interior do Ceará: em Santa Quitéria, em Canindé, em Sobral e na Catunda, sempre regiões da Caatinga.

Por que corre risco de extinção?
Pouco após descoberta da nova espécie, pesquisadores notaram que a faixa territorial ocupada pelo cacto cearense soma apenas 36 km², o que classifica a espécie como “em perigo de extinção”, conforme as regras e protocolos do União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Para piorar, de acordo com os dados do MapBiomas, entre 1985 e 2022, nos cinco municípios em que a Tacinga-mirim se encontra, houve redução natural da cobertura da vegetação nativa de 4% para 16%. Um dos cenários mais preocupantes é em Santa Quitéria. Em 2020, o governo estadual sancionou um acordo de implementação de um projeto de mineração voltado para a exploração de urânio e fosfato na região, o que é nocivo à espécie.

Considerando a gravidade e extensão dos impactos diretos e indiretos causados pela mineração, estas populações poderão sofrer impactos com a instalação do projeto. Estudos rigorosos são necessários na área proposta para confirmar a presença de T. mirim na região e, se necessário, reavaliar os impactos ambientais”, disseram os pesquisadores, em trecho do artigo.

Fonte: Terra

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