Música pode ajudar pessoas com demência
Estudos mostram como a música pode ajudar na cognição, reduzir a ansiedade e melhorar o bem-estar de pessoas com demência
Por Nayra Teles
A música pode nos proporcionar os mais poderosos sentimentos e sensações. Mas você sabia que ela também pode ser uma aliada no tratamento de algumas doenças? Esse é o caso da demência. Evidências científicas mostram que a música pode ter um impacto terapêutico significativo em pacientes com essa condição. Além de ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o bem-estar, a musicoterapia tem demonstrado efeitos positivos na função cognitiva.
Dois cientistas da Anglia Ruskin University, que conduziram um estudo recente em parceria com o Cambridge Institute for Music Therapy Research, explicam como a música impacta o cérebro de pessoas com demência, em artigo publicado no The Conversation.
Pesquisas realizadas nos últimos anos mostraram que a música ativa diversas áreas do cérebro, como as regiões límbica (responsável pelas emoções e memória), cognitiva (relacionada à percepção e aprendizado) e motora (ligada ao movimento voluntário). Além disso, outros estudos mostram que melodias podem ajudar a reparar conexões neurais danificadas. Como a maioria dos tipos de demência é desencadeada pela morte celular no cérebro, os cientistas começaram a ver potencial nessa abordagem terapêutica musical.
No entanto, não é qualquer música que tem o poder de regenerar o cérebro. Sabe aquela canção familiar que você pode ouvir várias vezes ao longo da vida sem se cansar? Essa sim tem um efeito reparador. Isso acontece porque essas músicas ativam a liberação de hormônios de bem-estar, gerando uma sensação de prazer e ajudando a lidar com o estresse, a ansiedade e outros problemas.
Pesquisadores já estão testando programas de treinamento musical para melhorar a cognição de pessoas com demência. Até o momento, os resultados são promissores. Os participantes têm demonstrado melhor capacidade de resolução de problemas, regulação emocional e atenção, em comparação com exercícios físicos. A música parece ser uma opção relevante de tratamento, mas Rebecca Atkinson e Ming-Hung Hsu, da Anglia Ruskin University, destacam que é preciso seguir algumas premissas.
Com base no que sabemos até agora, é importante que a música venha da coleção do próprio paciente — e que seja usada em conjunto com outras técnicas de manejo, como o uso de medicamentos que possam retardar a progressão da demência ou ajudar a controlar os sintomas, proporcionando suporte ao autocuidado e ao bem-estar”, diz trecho do artigo The Conversation.
Fonte: Olhar Digital