Paleo & Arqueologia

Fóssil brasileiro pode ajudar a desvendar a evolução do cérebro dos pássaros

Descoberta inédita de ave que viveu há 80 milhões de anos revela pistas sobre a inteligência desses animais

Um fóssil inédito encontrado no Brasil pode ajudar cientistas a compreender a origem da inteligência nas aves modernas. A preservação excepcional do crânio de uma ave mesozoica, batizada de Navaornis hestiae, permitiu uma reconstrução digital detalhada de seu cérebro, algo raro para fósseis tão antigos. Um estudo sobre a descoberta foi publicado na revista Nature.
O Navaornis viveu há cerca de 80 milhões de anos, antes da extinção em massa que eliminou os dinossauros não aviários. Os pesquisadores afirmam que sua descoberta poderia ser uma espécie de “Pedra de Roseta” para determinar as origens evolutivas do cérebro das aves modernas. Isso porque o fóssil encontrado em Presidente Prudente (SP) representa uma espécie intermediária entre o Archaeopteryx (mais antigo dinossauro semelhante aos pássaros) e as aves modernas.

A descoberta do fóssil preenche uma lacuna evolutiva de 70 milhões de anos, lançando luz sobre como os cérebros dos pássaros evoluíram ao longo do tempo. O Navaornis tinha um cérebro maior que o do Archaeopteryx (que viveu há 150 milhões de anos), o que sugere que possuía capacidades cognitivas mais avançadas em comparação com os primeiros dinossauros semelhantes a aves. No entanto, a maioria das áreas de seu cérebro, como o cerebelo, eram menos desenvolvidas, indicando que ainda não havia evoluído os mecanismos complexos de controle de voo presentes nas aves modernas.

Este pode ser apenas um fóssil, mas é uma peça fundamental no quebra-cabeça da evolução do cérebro das aves”, disse Daniel Field, pesquisador da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e autor sênior da pesquisa. “Com o Navaornis, temos uma visão mais clara das mudanças evolutivas que ocorreram entre o Archaeopteryx e as aves inteligentes e comportamentalmente complexas de hoje, como corvos e papagaios”, completou. O Navaornis foi batizado em homenagem a William Nava, diretor do Museu de Paleontologia de Marília (SP), que descobriu o fóssil.

Fonte: History Channel Brasil

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