Da série Adolescência: papel da família e escola

A escola e as famílias têm percebido a responsabilidade de, juntas, se conectar aos jovens e observar melhor seus comportamentos
A adolescência é uma fase de transição marcada por transformações físicas, hormonais e psicológicas. Se passa entre a infância e a vida adulta, marcada por transformações físicas e sociais. É um período de descobertas, construção de identidade e preparação para o papel de adulto. Uma fase de grandes desafios. Entre eles, os mais comuns são: dificuldade em se concentrar, falta de motivação, problemas em casa, ausência de ambições, uso constante de eletrônicos, indisciplina, entre outros.
A escola e as famílias têm percebido a responsabilidade de, juntas, se conectar aos jovens e observar melhor seus comportamentos. A minissérie Adolescência, da Netflix, reflete sobre o papel da educação, a influência das redes sociais e a desconexão entre as famílias com seus filhos adolescentes. A série também levanta vários questionamentos, mas vamos nos ater às citações acima.
O papel da escola nos revela um espaço central na trama e onde se discutem temas como a violência, o bullying, a radicalização e a saúde mental. A série mostra que a escola não é uma panaceia, mas, sim, um espaço plural onde acontecem vários processos. A escola deve promover o desenvolvimento dos alunos, transmitir conhecimento e afirmar valores como solidariedade, respeito à diversidade, generosidade e justiça. A escola deve adotar diretrizes claras de prevenção, educação e intervenção sobre os diferentes tipos de bullying. A escola deve combater a violência e formar uma sociedade respeitosa e inclusiva. Na perspectiva educacional, a série tem por objetivo incentivar escolas, famílias e estudantes a discutirem estratégias para prevenir e combater o bullying.
Conscientizando sobre seu impacto na saúde mental das vítimas e a responsabilidade coletiva de todos os envolvidos, incluindo os observadores, a escola tem sido cada vez mais impactada por conflitos que nascem no ambiente familiar. Mas é importante lembrar que a escola não pode atuar sozinha. O acompanhamento dos pais é indispensável.
Na perspectiva familiar o ambiente doméstico é essencial para o fortalecimento emocional dos jovens. Criar vínculos de confiança e estabelecer um diálogo aberto são estratégias para que crianças e adolescentes se sintam à vontade para buscar ajuda. No entanto, muitos casos de bullying passam despercebidos.
Além de oferecer suporte emocional, os pais devem estar atentos ao comportamento dos filhos, tanto no ambiente escolar quanto no digital. Estar presente na vida do adolescente não significa apenas monitorar suas atividades, mas, sim, construir um relacionamento baseado na confiança. Muitas vezes, a comunicação entre adultos e adolescentes é limitada, e algumas vítimas evitam relatar o problema por medo, vergonha ou receio de represálias.
A família serve de espaço de aprendizagem, embora de modo informal, assim como de ponto de partida para todo um processo de desenvolvimento social. É o primeiro grupo social com o qual as pessoas têm contato e é onde aprendem valores, crenças e comportamentos. É a família quem transmite conhecimentos e muitas experiências da vida principalmente em como conviver em sociedade, tendo como método específico a prática cotidiana, ou simplesmente, a vivência para construir um ambiente familiar saudável, algumas práticas podem ser adotadas:
✅ Criar momentos de convivência sem tecnologia, favorecendo conversas mais profundas;
✅ Modelar um uso equilibrado das redes sociais, sendo exemplo para os filhos;
✅ Estabelecer diálogos abertos e acolhedores, para que os jovens se sintam confortáveis em compartilhar seus desafios;
✅ Acompanhar de perto a rotina escolar e social, mantendo contato com educadores e amigos dos filhos.
O ambiente familiar influencia a saúde mental dos adolescentes e a falta de diálogo e acolhimento podem impactar negativamente a relação entre pais e filhos. A reflexão que fica é que o cuidado com a adolescência começa na infância. A família é o suporte e a casa do afeto. O que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sobre o papel da família? Em seu art. 22 diz que aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Essas temáticas são trabalhadas de modo estruturado para promover um ambiente seguro familiar, acolhedor e propício ao desenvolvimento integral dos adolescentes. Trazendo em evidencia a importância do diálogo, das socioemocionais. Antes de mais nada construir um relacionamento baseado na confiança.