Paleo & Arqueologia

Descoberta na Guatemala pode explicar fim da Civilização Maia

Artefatos do século 9.º pode ter relação com colapso maia e início de prosperidade com liderança de Papmalil

Por Isabela Oliveira

A descoberta de um incêndio no sítio de Ucanal, na Guatemala, entre 733 e 881 d.C., pode ter marcado a queda da Civilização Maia. Trata-se de momento chave no colapso de governos, que não costuma ser claro em descobertas arqueológicas, de acordo com um estudo publicado no Antiquity. Isso porque a queima de artefatos do regime, alguns com um século de idade, era aparentemente um evento público muito popular.
A equipe descobriu o incêndio durante escavações de 2022 no aterro de construção de um templo-pirâmide em uma praça pública. Próximo a um cemitério na capital do reino de K’anwitznal, corpos e ornamentos — incluindo uma máscara de pedra com joias, fragmentos de um diadema de pedra-verde e de jade — foram transferidos de um túmulo para um local de cremação pública.

Este evento marcou um momento de mudança no reino e nas terras baixas”, escreveram os autores. “Em vez de analisar este evento de queima de fogo como um marco na história maia, nós o vemos como um ponto de inflexão em torno do qual a política de K’anwitznal se reinventou e a cidade de Ucanal passou a ter um florescimento de atividades”.

O novo regime de liderança acolheu um líder não pertencente à realeza, Papmalil, e há poucos registros sobre como ele chegou ao poder. O estudo, liderado por Christina Halperin, da Universidade de Montreal, no Canadá defende que Papmalil parece ter inaugurado uma era de prosperidade. Afinal, com ele, construções substanciais ocorreram no núcleo cívico-cerimonial e nas zonas residenciais externas da cidade.

Sobre o incêndio na Civilização Maia
A equipe acredita que pelo menos quatro adultos faziam parte dos restos mortais queimados. Junto com os corpos, estavam 1.470 fragmentos de pingentes, contas, placas e mosaicos de pedra verde, com grandes lâminas, em um “evento único”. A quantidade e a qualidade dos ornamentos indicam que eles vieram de uma tumba real, provavelmente de vários indivíduos.

De acordo com os autores, o evento “parece ter sido um ato de profanação”. “Foi jogado na borda de um muro rudimentar usado como cercado de construção e não houve qualquer esforço para proteger os ossos e ornamentos fragmentados dos blocos de túmulos depositados sobre eles como aterro”, descreveram. Isso culminou em um “evento público dramático” que “poderia marcar dramaticamente o desmantelamento de um regime antigo”.

Fonte: Giz Brasil

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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