Ave rara volta a se reproduzir no Pantanal após mais de 10 anos

Redescoberta da ave Harpia em Corumbá reforça importância da conservação da maior águia do Brasil
A confirmação de um casal de harpias (Harpia harpyja) em reprodução no Pantanal sul-mato-grossense trouxe esperança para pesquisadores e ambientalistas sobre o futuro da ave. O registro foi feito em 12 de julho, após mais de um ano de buscas no Maciço do Urucum, em Corumbá (MS), e marca um acontecimento histórico: trata-se de uma das aves mais raras da região, com ocorrência mais comum na Amazônia e na Mata Atlântica.
A harpia é a maior ave do gênero águia no Brasil e uma das maiores aves de rapina do mundo, podendo alcançar 2,20 metros de envergadura e pesar até 11 quilos. No entanto, sua presença no Pantanal é escassa. O primeiro registro na região ocorreu em 2012, e apenas agora, 13 anos depois, a ciência voltou a confirmar casais ativos, indicando condições favoráveis de reprodução.
Essa espécie ameaçada de extinção encontrou refúgio nos morros e florestas do Maciço do Urucum. O fato de conseguirem sobreviver aqui mostra que ainda temos áreas de mata que precisam ser preservadas”, explicou a pesquisadora Tânia Sanaiotti, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em vídeo publicado nas redes sociais.

Apesar da boa notícia, os especialistas alertam para riscos crescentes. A mineração, a mudança no uso da terra e a pressão da agropecuária restringem os fragmentos florestais que sustentam a espécie. “Com a redução de áreas disponíveis para suas presas, como preguiças e macacos, as harpias sofrem estresse alimentar que pode levar até à morte de filhotes”, afirmou o biólogo Everton Miranda, em entrevista de 2021 ao Jornal da USP.
Para sobreviver, cada casal precisa de pelo menos 50% de floresta preservada em seu território. A expansão da fronteira agrícola e a fragmentação dos ecossistemas, porém, dificultam esse equilíbrio. Mesmo assim, especialistas ressaltam a resiliência da ave e defendem que esforços de conservação, aliados à proteção dos ambientes naturais, podem garantir a permanência da espécie no Pantanal. A redescoberta do casal em Corumbá não é apenas um triunfo da ciência, mas também um sinal de alerta: proteger a harpia significa preservar os últimos refúgios de mata nativa que ainda resistem na região.
Fonte: Aventuras na História