Descoberta pode redefinir o local do primeiro milagre de Jesus

Escavações lideradas por arqueólogo americano revelam vestígios de culto cristão em vila antiga que pode ser a verdadeira Caná da Galileia
Por Gabriel Marin
Uma descoberta arqueológica recente na Galileia, norte de Israel, está desafiando séculos de tradição cristã e reacendendo um antigo debate sobre o local do primeiro milagre de Jesus — a transformação da água em vinho. Durante séculos, peregrinos e estudiosos veneraram Kafr Kanna como a Caná bíblica, cenário do famoso casamento descrito no Evangelho de João. No entanto, novas evidências apresentadas pelo arqueólogo Tom McCollough apontam para outro lugar: a vila antiga de Khirbet Qana, situada a poucos quilômetros ao norte.
A pesquisa de McCollough, publicada recentemente no New York Post, traz indícios que podem reescrever parte da história bíblica e da peregrinação cristã primitiva. Após anos de escavações, sua equipe revelou um complexo de cavernas subterrâneas com inscrições antigas, cruzes entalhadas e vestígios de espaços de culto cristão datados de mais de 1.500 anos.
Descobrimos um vasto complexo usado pelos primeiros peregrinos cristãos que vinham aqui para venerar o milagre da transformação da água em vinho”, explicou o arqueólogo.

Dentro das cavernas, foram encontrados altares, áreas de oração e espaços que poderiam ter abrigado grandes jarros de pedra — elementos que lembram o relato bíblico do milagre. As evidências sugerem que Khirbet Qana foi um centro de veneração contínuo do século 5 ou 6 até o período das Cruzadas, no século 12. Textos de peregrinação dessa época descrevem a geografia e os marcos do local de forma consistente com o que foi descoberto, fortalecendo a hipótese de que o verdadeiro cenário do milagre pode ter sido ali.
McCollough também recorreu aos escritos do historiador judeu Flávio Josefo, que descreveu Caná como uma vila judaica na Baixa Galileia, próxima ao Mar da Galileia — localização que coincide com Khirbet Qana, e não com Kafr Kanna.
Mas como a tradição acabou se fixando em Kafr Kanna? Segundo McCollough, a explicação é mais prática do que teológica. No século 18, monges franciscanos responsáveis por identificar locais sagrados priorizaram pontos de acesso mais fácil aos peregrinos, e Kafr Kanna oferecia melhor infraestrutura. Assim, o que começou como uma escolha logística acabou se consolidando como tradição ao longo dos séculos.
Para estudiosos e fiéis, a descoberta suscita uma reflexão mais profunda sobre a relação entre fé e ciência. Segundo o ‘Leravi’, a arqueologia, longe de enfraquecer a crença, oferece novas camadas de compreensão histórica e cultural às narrativas bíblicas.
Fonte: Aventuras na História









