Hipocrisia do governo Lula

Iate usado por Lula em Belém durante COP30 consome até 3,6 mil litros de diesel por dia e expõe contradição ambiental do governo
A hospedagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um iate de luxo durante a COP30 tem provocado forte reação entre especialistas em política ambiental e setores da oposição. Isso porque a embarcação Iana III, usada pela comitiva presidencial em Belém, consome entre 120 e 150 litros de diesel por hora quando em navegação — o que equivale a cerca de 3.600 litros de combustível fóssil por dia.
O dado contrasta diretamente com o discurso adotado pelo governo federal na conferência internacional, cuja prioridade é a redução de emissões e a aceleração da transição energética. Na COP, o Brasil tem defendido metas de descarbonização e pressiona países desenvolvidos por financiamentos climáticos.
O Iana III, que pertence a uma empresa de turismo de Manaus, está atracado em área militar da Marinha e foi deslocado ao Pará para servir de alojamento ao presidente e parte de sua equipe. Segundo o governo, a embarcação oferece condições de segurança e logística consideradas “adequadas” e foi escolhida por apresentar melhor relação custo-benefício diante da superlotação da hotelaria local. Ambientalistas afirmam que o símbolo pesa mais do que a justificativa operacional.
É impossível defender metas de redução de emissões e, ao mesmo tempo, se hospedar em um equipamento movido a diesel em larga escala”, afirma um especialista ouvido pela reportagem sob anonimato.
Organizações ambientais ressaltam ainda que o diesel marítimo é considerado um dos combustíveis fósseis mais poluentes, responsável por níveis elevados de NOx (óxidos de nitrogênio) e material particulado. De acordo com informações divulgadas por veículos regionais, a Marinha teria oferecido uma embarcação oficial, descartada pelo Planalto sob a alegação de que “não atendia às necessidades logísticas da Presidência”. A escolha por um barco privado, portanto, foi política — e não técnica, apontam especialistas em logística militar. Em nota, a Presidência afirmou que a opção foi “a mais econômica possível” e justificou o sigilo parcial das informações citando dispositivos de segurança:
A decisão seguiu critérios técnicos de segurança, logística e economicidade (…). Por se tratar de viagem presidencial, determinadas informações se encontram classificadas como reservadas”, afirmou o governo.
A controvérsia surge às vésperas dos discursos oficiais de Lula na COP30, onde o Brasil busca reforçar sua imagem de país protagonista na política ambiental global. Para opositores, a cena é “incoerente”.
Enquanto fala de descarbonização, Lula se hospeda em um navio queimando diesel no meio da Amazônia”, criticou o deputado Luciano Zucco (PL-RS).
Dentro do governo, a avaliação é de que o desgaste “não é irrelevante” — especialmente em um momento em que o Planalto tenta reverter a queda de popularidade registrada nas últimas sondagens.
Fonte: Hora Brasília













