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Ainda inacabada, Sagrada Família se torna a igreja mais alta do mundo

Em obras há mais de 140 anos, Sagrada Família de Barcelona, na Espanha, quebrou recorde de catedral alemã e agora é a igreja mais alta do mundo

Por Éric Moreira

A Sagrada Família, localizada em Barcelona, Espanha, é famosa por suas janelas de vidro colorido e pela associação com o arquiteto Antoni Gaudí, responsável por projetar esta icônica estrutura. Recentemente, a basílica católica ganhou um novo título: a igreja mais alta do mundo. Há pouco tempo, trabalhadores instalaram a primeira parte de uma cruz no topo da Sagrada Família, que ainda está em construção. Com essa nova adição, a altura da igreja ultrapassa os 162 metros, superando os 159 metros da Ulm Minster na Alemanha, que detinha o título desde 1890.
“Cada peça é valiosa, e nossa missão é colocá-la em seu lugar exato”, afirmou Rufino Galán, um dos operadores de guindaste envolvidos na expansão da Sagrada Família, em comunicado. A Torre Central de Jesus Cristo, à qual a cruz será fixada, deverá ser finalizada nos próximos meses. Com isso, finalmente, a altura total da Sagrada Família chegará a 172 metros.

A construção da Sagrada Família teve início sob a liderança do arquiteto diocesano Francisco de Paula del Villar, que idealizou a igreja em um estilo neogótico. A primeira pedra foi colocada em 1882, mas Villar se afastou do projeto no ano seguinte, permitindo que Gaudí assumisse a obra. Gaudí é amplamente reconhecido por seu estilo arquitetônico singular, que enfatiza formas orgânicas e cores vibrantes inspiradas na natureza. Ao assumir o projeto, ele redesenhou completamente a basílica, incorporando sua visão distintiva com elementos católicos.

Gaudí queria convidar as pessoas a olhar para cima, a estarem perto de Deus“, comentou Jordi Faulí, arquiteto-chefe da Sagrada Família, durante uma entrevista ao programa ‘Tech Now’ da BBC em agosto. “Ele queria criar uma igreja de luz”.

Sagrada Família em Barcelona em 1930 e fotografia de Gaudí (Foto: Getty Images)

O arquiteto não acreditava que conseguiria concluir a obra durante sua vida. Ao falecer em 1926 após ser atropelado por um bonde em Barcelona, apenas uma das dezoito torres planejadas havia sido finalizada. Desde então, a Sagrada Família tem avançado lentamente em sua construção. Nos últimos anos, o ritmo das obras acelerou devido ao aumento do turismo; em 2024, a basílica recebeu 4,8 milhões de visitantes.

A conclusão do edifício está prevista para o próximo ano, alinhando-se a uma série de eventos para celebrar os 100 anos da morte de Gaudí. Contudo, o trabalho em esculturas, detalhes decorativos e uma imponente escadaria que levará à entrada principal da igreja deverá se estender até 2034. A morte prematura de Gaudí não foi o único desafio enfrentado durante os 143 anos de construção da Sagrada Família. Durante a Guerra Civil Espanhola, anarquistas incendiaram a cripta da igreja, destruindo planos e modelos em gesso que poderiam ter orientado as futuras construções.

O período pós-guerra viu a retomada da construção e o mito de Gaudí ganhar forma”, explica o especialista em arquitetura Josep-Maria Garcia Fuentes ao Conversation em 2022. “Na ausência das plantas e dos materiais de arquivo perdidos no incêndio, arquitetos e historiadores começaram a interpretar as ideias de Gaudí para atender às suas próprias agendas”.

Mais recentemente, as obras na basílica foram interrompidas devido à pandemia de covid-19. A venda de ingressos também foi suspensa, o que vem impactando significativamente o financiamento para as obras, repercute a Smithsonian Magazine. A longevidade do projeto trouxe benefícios tecnológicos. Para instalar a cruz da Torre de Jesus Cristo, os trabalhadores estão utilizando um guindaste moderno especializado em manobras precisas. Os três operadores foram obrigados a realizar um curso específico sobre o uso do guindaste na Alemanha.

Gaudí já pressentia que as ferramentas de sua época iriam evoluir”, disse Joan Montoya, um dos operadores de guindaste. “A Torre de Jesus Cristo não poderia ter sido construída com os sistemas daquela época. Mas ele mesmo escreveu que precisaríamos evoluir com os tempos. E é isso que fazemos: damos vida à sua visão com as ferramentas de hoje”.

Fonte: Aventuras na História

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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