Cultura

Foto rara revela visita da família imperial ao Piauí nos anos 1920

Registro mostra Dom Pedro de Orleans e Bragança, em Parnaíba; viagem ocorreu em meio a tentativas de restauração monárquica

Por Gabriel Marin

Uma fotografia rara, datada da década de 1920, registra a passagem de Dom Pedro de Orleans e Bragança, neto do imperador Dom Pedro de Orleans e Bragança, neto do imperador Dom Pedro II, pelo Piauí. O nobre aparece ao lado da esposa e da filha durante visita à cidade de Parnaíba, após uma breve passagem por Teresina. O retrato, de autoria do fotógrafo Mario Baldi, está reproduzido em um quadro no Arquivo Público de Teresina. Baldi era conhecido por acompanhar o imperador e seus descendentes em viagens pelo Brasil e pelo exterior, documentando momentos históricos da antiga família real.
O príncipe — cujo nome completo era Pedro de Alcântara Luís Filipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança — integrava o clã da antiga coroa portuguesa e, na época, buscava restaurar o reinado da família imperial. Seu movimento contou com simpatia de parte da elite brasileira, em um contexto em que a República vivia fragilidades políticas e sociais. Apesar das tentativas, a monarquia não retornou ao poder, e o Brasil seguiu consolidando sua experiência democrática ao longo do século 20.

Foto mostra Dom Pedro de Orleans e Bragança ao lado de sua esposa (à esquerda) e sua filha (à direita) (Foto: Reprodução)

Para o historiador e professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Fonseca Neto, a Proclamação da República representou “um conjunto de intenções para construir uma experiência de viver social no Brasil, fundada em princípios de liberdade, justiça e igualdade”. Segundo ele, o regime republicano foi concebido como um ideal, mas sua implementação ocorreu de forma desigual ao longo da história. “Nossa Proclamação da República foi muito elitista. Isso reverbera até hoje”, afirma.

Fonseca destaca que o processo republicano brasileiro nasceu distante do povo e mantém, até os dias atuais, traços de exclusão social e política. “A república foi implantada a partir de um golpe, afastando o elemento popular. O sonho republicano tinha um quê de povo, mas sempre mediado por elites. Até hoje, a república está a serviço delas, pois partiu delas a proclamação, não do povo”, pontua.

Segundo o ‘meionews.com’, a imagem de Dom Pedro de Orleans e Bragança em terras piauienses, portanto, é mais do que um registro raro — é um retrato simbólico de uma época em que o país ainda tentava se firmar entre a nostalgia imperial e o desafio de consolidar sua democracia.

Fonte: Aventuras na História

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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