Por que cães ficam felizes com a chegada do dono? Veja o que diz a ciência

Apego, condicionamento e ocitocina: saiba como estudos explicam o comportamento dos cães ao reencontrar seus tutores

Por Isabela Oliveira

Correr em círculos, guinchar e abanar o rabo ao ver o dono são sinais de que um cachorro está em um período frenético de atividade aleatória, ou zoomies. Essa liberação de energia reprimida costuma ser uma forma de felicidade dos cães. E, de acordo com Alison Gerken, especialista em comportamento veterinário, à Popular Science, as razões podem ser desde desenvolvimento de relacionamentos e neurobiologia até emoções e aprendizado.
Em 2018, um estudo comprovou que os cães formam laços de apego com seus cuidadores — que podem se parecer com os laços que bebês humanos desenvolvem.

Os resultados mostraram que os cães reconhecem seus tutores e se comportam de maneira muito diferente [de outras pessoas] com eles ao se reencontrarem. Isso inclui comportamentos muito mais afiliativos”, disse Gerken.

Os cachorros também conseguem distinguir entre comportamentos bons e ruins devido ao condicionamento. Por isso, o escutar o barulho das chaves na porta pode levá-los a correr em círculos ou agarrar brinquedos, esperando receber reações encorajadoras, como carinhos. Com base em suas memórias de longo prazo, o cão sabe que esses comportamentos são recompensadores, então ele fará de novo, explicou o veterinário.

Em 2012, o neurocientista Dr. Gregory Burns, da Emory University, iniciou o Dog Project. Usando ressonância magnética funcional, os estudiosos descobriram que o núcleo caudado dos cães, área do cérebro associada a expectativas positivas, era mais ativado pelo cheiro de uma pessoa familiar.

O papel da oxitocina na felicidade dos cães ao verem os donos
Em 2015, pesquisadores realizaram um estudo sobre o ciclo entre ocitocina, o hormônio do amor, e o olhar. Eles pediram aos tutores de animais de estimação que interagissem livremente com seus cães por um período de tempo. Em seguida, coletaram amostras de urina de cada parte, antes e depois da interação.

A descoberta foi que os níveis de ocitocina eram mais altos quando o tutor do animal de estimação e o cão estavam fazendo contato visual um com o outro. Isso causou reações como afeto adicional e suavização das características faciais.
Além disso, os cães também têm noção de tempo devido a seus relógios biológicos internos. Ou seja, quanto mais tempo um cuidador fica ausente, maior tende a ser a resposta do cão ao vê-lo novamente, segundo pesquisa.

Por outro lado, se um cachorro fica bravo ao reencontrar seu dono, ele pode estar sofrendo de ansiedade de separação, uma resposta anormal à solidão. Nesse caso, Gerken sugere instalar uma webcam para avaliar o cão quando está sozinho. Ou se atentar a sinais de sofrimento, como andar de um lado para o outro, ofegar, latir, uivar, urinar e defecar.

Fonte: Giz Brasil