Política

“Nem todo político é corrupto, quero servir de exemplo”

Delegado Leandro Piquet, estreia na política com muita vontade de fazer a coisa certa

Leandro Piquet de Azeredo Bastos, quinto vereador mais votado por Vitória — com 2.364 votos — é do Rio de Janeiro e reside em Vitória há nove anos. Delegado de Polícia Civil, concursado, filho de professores e formado em Direito pela Faculdade Cândido Mendes/RJ.
Prestou concurso aqui no Espírito Santo e em Minas Gerais, aprovado em ambos, optou por ficar em terras capixabas por achar o clima e o ambiente mais próximos ao do Rio e pela qualidade de vida. Nesta entrevista à Coluna Olhar de uma Lente, disse que Vitória é uma capital muito mais segura que o Rio de janeiro e isso lhe trouxe uma sensação de tranquilidade, até mesmo pela profissão que exerce. “Vi, aqui no Estado, uma possibilidade de evolução, tanto pessoal como profissional, embora nunca tivesse imaginado entrar na política”, analisa.
Com uma certa experiência na vida pública, pois participou, no governo anterior de Renato Casagrande como presidente do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) retornando, em 2014, à polícia para trabalhar na Copa do Mundo. “Uma experiência singular, que poucas pessoas viveram, e eu fiquei muito feliz em ter participado”, explica.
Na polícia, Leandro Piquet passeou pelas delegacias de Cariacica, de Pessoas Desaparecidas e na de Crimes Eletrônicos, Tóxicos Entorpecentes, onde respondeu pela inteligência da instituição e hoje, de férias, responde pela Delegacia de Homicídios.
Piquet tem bastante orgulho do trabalho desenvolvido à frente do Iases, pois, segundo ele, foi um período muito difícil do governo Paulo Hartung, porque tiveram que enfrentar as rebeliões daquele momento. “Realizamos um trabalho dentro de uma austeridade muito grande com corte de verbas. Tínhamos 780 adolescentes, chegando a 1.740, mesmo assim, com um corte de gastos de 15% do orçamento, extinguimos as rebeliões, aumentamos o número de adolescentes estudando e com atividades socioeducativas (saúde, cultura, esporte, lazer e profissionalização). Foi uma gestão reconhecida pelos membros do governo. Em seguida, substituí Fabiano Contarato na Corregedoria do Estado, quando ele adotou o primeiro filho e precisou se licenciar e acabei assumindo o órgão, como titular, quando foi eleito senador”, disse.
Hoje, como vereador, Piquet diz que consegue ver com mais clareza as necessidades e dificuldades da capital e o que pode ser feito para atenuar as desigualdades que ainda existem na cidade. “Como vereador eleito, enxergo Vitória em dois planos. Uma Vitória com mais estrutura, mais serviços, mais acesso à cultura, à educação, à segurança. E temos o outro lado, uma parte que precisa de um empenho maior do governo. Essa é uma divisão clara, em que o objetivo do governo Pazolini, é trabalhar para equilibrar essa desigualdade. A gente pensa a cidade como modelo, cidade do futuro, cidade inteligente. Se melhorarmos a cidade, melhoraremos a qualidade de vida dos cidadãos, independente do bairro ou região… Esse é o objetivo do nosso mandato. A população precisa ter acesso à cultura, à educação, acesso ao lazer e aos equipamentos e instrumentos das comunidades como um todo. Focando nesses itens, estaremos melhorando os serviços sociais que o Executivo fornece”, esclarece.
Na opinião do vereador, não há necessidade de mudar o planejamento urbano o que precisa é uma adequação ao que já existe para otimizar os serviços. “Acredito que, com um processo de ocupação do espaço público urbano de forma regular e sistemática, a gente acaba integrando os polos de exploração econômica e os polos industriais… Precisamos fazer adequações pontuais”.
A mobilidade urbana é outra preocupação que precisa ser pensada para que haja uma integração com outros municípios. “Vitória é passagem para trabalhadores de várias cidades. São trabalhadores de Vitória que prestam serviços em Fundão, Viana, Serra, Vila Velha e vice-versa. O aeroporto fica em Vitória, tudo contribui para os gargalos. O Aquaviário seria uma alternativa interessante, temos uma rodoviária no centro da capital, mas o número de pessoas que desembarcam e se deslocam para outros municípios é muito grande, a maioria não fica em Vitória… é outro caso a se pensar”.

Quando o assunto é educação, Piquet lembra que, apesar de estarmos vivendo um período atípico com essa pandemia, “não podemos deixar de nos preocupar com a qualidade da educação municipal. A educação de Vitória está com um déficit muito grande, sua colocação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) não é boa. Em compensação, temos excelentes creches. Educação é prioridade na pauta do governo Pazolini, porque ela gera inclusão. Outro fato triste é que, em função da pandemia, muitas crianças estão perdendo conteúdo e isso fará diferença no futuro desses estudantes. É uma realidade, infelizmente. Vamos fortalecer a educação, essa é a proposta”, avalia.
Avaliando a saúde do município, Piquet considera a saúde de Vitória “muito boa”. “Um pouco sobrecarregada porque pessoas de outros municípios são atendidas pelo sistema de saúde do município. Temos que ver a questão do coronavírus, ver os hospitais estaduais e municipais, ligar a rede e atender ao maior número de pessoas. Se tiver o programa de vacinação, estarmos preparados para a ação, mas, em geral, o serviço eu vejo como positivo”, afirma.
Perguntado sobre a corrupção no Brasil, Piquet se disse surpreendido quando entrou na política. “A sociedade rotula o político como corrupto e nem todo político é corrupto. Têm muitos dando maus exemplos, mas existe uma parcela comprometida com as causas sociais, bem-intencionada. Vejo que, o que precisamos fazer, é incentivar as pessoas boas a entrarem ou participarem da política, meu desejo na política é servir de exemplo para que outras pessoas boas venham para ajudar a melhorar a vida da nossa sociedade”, finalizou.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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