Livro “A Viagem de Cilka” retrata a face feminina do Holocausto
O livro, lançado pela Editora Planeta, mostra que nos campos de concentração as mulheres lidavam não só com a violação da liberdade, mas também do próprio corpo
Holocausto é como ficou conhecido o genocídio de judeus cometido por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Comandados por Adolf Hitler, eles alegavam que os arianos eram superiores e os judeus, responsáveis pelos males da sociedade. Com isso, um dos meios mais emblemáticos e trágicos de extermínio eram os campos de concentração: áreas de confinamento em que essas pessoas eram escravizadas, torturadas e mortas.
O maior e mais emblemático deles foi o Campo de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, onde acredita-se que o número de mortos tenha ultrapassado um milhão. Ele funcionou até 1945, quando os soviéticos ganharam a Guerra e libertaram cerca de sete mil prisioneiros.
Partindo da importância de falar sobre esse assunto para garantir que a memória coletiva não deixe a história impune, a escritora neozelandesa Heather Morris lançou o best-seller O Tatuador de Auschwitz, que conta a história verídica de Lale Sokolov, um prisioneiro que se apaixonou por uma mulher no temido campo. Morris passou três anos registrando seus relatos antes de morrer, em 2006. Em um de seus testemunhos, Sokolov apresentou à autora, Cecilia “Cilka” Klein, uma jovem de 16 anos que precisou enfrentar inúmeros desafios para sobreviver.
Foi assim que nasceu A Viagem de Cilka, nova obra da neozelandesa, lançada no Brasil pela Editora Planeta. O livro, que mistura fatos reais com ficção, transforma a vida da jovem em um romance e traz uma perspectiva feminina do que aconteceu naquela época. Na narrativa, Cilka atravessa seu maior desafio: tentar sobreviver em meio a uma série de castigos físicos, trabalhos forçados, violências psicológicas e abuso sexual. Após ser libertada de Auschwitz, a garota é acusada pelo exército russo de colaborar com os nazistas. Então, tem início mais uma etapa de horror em sua vida, já que ela é levada para outro campo de concentração na Sibéria. Porém, dessa vez, ela consegue contornar os problemas ao fazer amizade com uma médica e cuidar dos presos enfermos, tendo espaço até para encontrar o amor de sua vida.
A Viagem de Cilka representa a luta feminina pelo corpo e liberdade, além da resistência ao patriarcado e à opressão. A protagonista evidencia como as mulheres do mundo todo são fortes para enfrentar qualquer tipo de obstáculo. No posfácio, a escritora explica que, na vida real, após sua libertação, Cilka morou na Checoslováquia com seu marido até 2004, o ano de sua morte.
Fonte: Revista Galileu