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Café Coado: um outubro nada rosa para a segurança pública capixaba

Além dos homicídios, tiroteios, ataques a viaturas e confrontos com policiais têm sido constantes em nosso cotidiano

Olá, queridos leitores da Coluna Café Coado. Depois de umas merecidas férias estamos de volta. E, lamentavelmente, com uma grande preocupação com a primavera capixaba. Outubro, conhecido pela primavera florescente e pelas cores vibrantes, deveria ser um mês de renovação e esperança. Mas este é um outubro nada Rosa para a segurança pública. O décimo mês deste ano trouxe desafios sombrios e uma realidade preocupante.
Em um cenário em que a criminalidade parece estar articulando estratégias cada vez mais audaciosas, o Espírito Santo está enfrentando uma escalada de violência que exige nossa atenção e ação imediata. Foram 45 homicídios na primeira quinzena, portanto um a cada oito horas. Esses números são mais do que estatísticas. São vidas perdidas, famílias dilaceradas e comunidades amedrontadas.

Além dos homicídios, tiroteios, ataques a viaturas e confrontos com policiais têm sido constantes em nosso cotidiano. Intensos tiroteios têm sido registrados em Vitória, Vila Velha, Cariacica. Na Serra, além dos bairros Planalto Serrano e Jardim Carapina, Serra Dourada volta a preocupar.
Os indicadores já sinalizavam que este ano não seria fácil para a Segurança Pública Capixaba. Já no primeiro trimestre registramos um aumento de 5,9% de homicídios em relação ao mesmo período do ano passado e fechamos o primeiro semestre em quase 8%. Esses números são alertas vermelhos que não podemos ignorar.

Outro fator de preocupação é a influência dos estados vizinhos, como a Bahia e o Rio de Janeiro. Com o deslocamento de 300 profissionais da Força Nacional de Segurança Pública para o Rio de Janeiro, parte da criminalidade pode migrar para o Espírito Santo. Isso significa que o que já era grave pode piorar.
Agora, mais do que nunca, devemos investir em estratégias de prevenção, educação e inclusão social, além de fortalecer nossas forças policiais com treinamento e recursos adequados. A cooperação entre os estados vizinhos também é crucial para evitar que a violência se espalhe.

A criminalidade está se tornando mais audaciosa, e nossas estratégias precisam evoluir para enfrentar esses desafios de forma eficaz. É hora de afiar o machado. Há muito tempo não registrávamos investidas tão ousadas, como a ocorrida em Flexal, quando duas ambulâncias foram interceptadas e dois jovens executados. Aqui não é relevante se os jovens estavam ou não envolvidos com o crime, mas a tranquilidade e a ousadia da ação dos executores.

Ações que levem ao controle e apreensões de armas, diminuindo a circulação nas mãos dessas facções. Não estamos falando das armas legalizadas, estamos falando das ilegais que entram por nossas divisas e fronteiras. Melhorar a articulação entre os organismos proposta pela Lei que criou o Sistema Único de Segurança Pública e, principalmente, promover uma aproximação e diálogo qualificado com a comunidade, diretamente com as lideranças comunitárias ou com o fortalecimento dos Conselhos de Segurança.

Não podemos perder mais tempo. Ou dominamos o território ou seremos devorados pela criminalidade. Este outubro sombrio nos obriga a refletir e agir, não apenas como indivíduos, mas como uma comunidade unida. Precisamos reafirmar nosso compromisso com a segurança de nossos cidadãos e garantir que a primavera que conhecemos possa florescer também em nossa paz e tranquilidade. É um desafio árduo, mas, juntos, podemos superá-lo para, assim, voltar a saborear nosso Café Coado tranquilamente, com a restauração da segurança que merecemos.
Quer comentar ou enviar sugestões, mande um e-mail para colunacafecoado@gmail.com. Até a próxima semana.

Gracimeri Gaviorno

Gracimeri Gaviorno

Delegada de polícia; mestre e doutora em direitos fundamentais; professora; Instrutora e mentora profissional para lideranças E-mail: colunacafecoado@gmail.com

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