Orquídeas com ‘cara de macaco’ estão em risco de extinção

Famosas nas redes sociais por suas flores que lembram rostos de pequenos primatas, as orquídeas do gênero Drácula enfrentam um futuro incerto
Por Gabriel Marin
Conhecidas popularmente como “orquídeas com cara de macaco”, as plantas do gênero Drácula encantaram milhões de pessoas nas redes sociais, tornando-se estrelas da internet por suas flores que parecem sorrir, franzir a testa ou fazer caretas. Mas, por trás desse fascínio, há uma realidade alarmante: a maioria dessas espécies está à beira da extinção.
Uma nova avaliação global publicada por uma equipe internacional de cientistas revelou o estado de conservação de todas as 133 espécies conhecidas de Drácula. O resultado foi preocupante — quase sete em cada dez estão ameaçadas de extinção. Em muitos casos, as plantas só existem em pequenos fragmentos de floresta ou em um único local conhecido. Algumas são conhecidas apenas por exemplares cultivados, o que indica que suas populações selvagens podem já ter desaparecido.
Essas orquídeas crescem principalmente nas florestas nubladas dos Andes, entre a Colômbia e o Equador — ecossistemas de altíssima biodiversidade, mas entre os mais ameaçados do planeta. Elas dependem de condições muito específicas: temperaturas frias, alta umidade e a presença constante de neblina que cobre as encostas montanhosas. Espécies como Dracula terborchii estão entre as mais ameaçadas. À medida que as florestas encolhem e se fragmentam, os microclimas de que essas orquídeas dependem desaparecem junto com elas.

Ameaças
A beleza das Dráculas também é parte do problema. O fascínio humano por orquídeas raras e exóticas vem de longe: no século 19, durante a chamada “febre das orquídeas”, colecionadores europeus pagavam fortunas por espécies tropicais, o que levou à coleta predatória em diversas regiões do mundo.
Hoje, embora existam cultivos sustentáveis e comércio legalizado, ainda há quem busque exemplares selvagens. Para espécies que sobrevivem em populações de apenas algumas dezenas de indivíduos, uma única coleta pode ser devastadora. O interesse despertado pela internet, que transformou essas flores em fenômenos virais, tem um lado sombrio quando alimenta o comércio ilegal.
No noroeste do Equador, a Reserva Drácula é um refúgio crucial para essas plantas. Ela abriga ao menos dez espécies do gênero, cinco delas exclusivas da região. A área é administrada pela Fundación EcoMinga, que trabalha com comunidades locais para proteger a floresta por meio de monitoramento comunitário, agricultura sustentável e ecoturismo.
Segundo o ‘Independent’, as ameaças continuam próximas. O desmatamento, a mineração ilegal e até a presença de grupos armados colocam em risco tanto os pesquisadores quanto os moradores locais. “A situação é urgente”, afirmam os conservacionistas da fundação, que lutam para garantir que a floresta continue de pé — e com ela, as orquídeas que fazem do lugar algo único no mundo.
O nome Drácula não vem de vampiros, mas do latim “pequeno dragão”, em referência às longas sépalas pontiagudas das flores. Sua aparência inusitada intrigou botânicos do século 19, que chegaram a duvidar de sua autenticidade. Com o tempo, o público percebeu que muitas pareciam rostos de primatas — e daí nasceu o apelido de “orquídeas com cara de macaco”.
Fonte: Aventuras na História












