Cultura

Pintura considerada falsa pode ser, na verdade, uma obra de Rembrandt

Nova análise da “Cabeça de um homem barbudo” revelou que obra foi feita entre 1620 e 1630, no estúdio onde o pintor trabalhava

Uma pintura há muito rejeitada pelos especialistas por ser considerada uma falsificação pode ser, na verdade, um original do holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669). A descoberta foi feita graças a uma nova análise da obra “Cabeça de um homem barbudo”, que data de 1630, aproximadamente.
Em 1951, o museu Ashmolean, na Inglaterra, recebeu a pintura de um colecionador e revendedor de arte britânico. No verso da obra, que tem o tamanho de um cartão postal, estava colado o recorte do catálogo de um leilão parisiense realizado em 25 de fevereiro de 1777.
No início da década de 1980 a pintura foi avaliada pelo Projeto de Pesquisa Rembrandt, principal autoridade de estudo no trabalho do holandês, mas foi considerada uma falsificação. À época, os especialistas disseram acreditar que aquela era apenas uma de uma série de cópias feitas a partir de um original perdido.
“Eles viram ao vivo e decidiram que não era uma pintura de Rembrandt”, disse An Van Camp, curadora do Museu Ashmolean, na Inglaterra, em entrevista ao The Guardian. “Eles disseram que poderia ser uma falsificação no estilo de Rembrandt, possivelmente feita antes do final do século 17, portanto, nem mesmo durante a vida de Rembrandt”.
A “cópia”, então, permaneceu esquecida no porão do Ashmolean até recentemente, quando uma exposição de Rembrandt começou a ser organizada no museu e os curadores decidiram reavaliá-la. O quadro foi analisado pelo dendrocronologista Peter Klein, profissional que data a idade de uma árvore a partir de seus anéis característicos.

Recorte do catálogo de um leilão parisiense que está colado atrás da pintura (Foto: Museu Ashmolean/Universidade de Oxford)

“A ‘Cabeça de um homem barbudo’ do Ashmolean foi pintada em um painel que veio de um carvalho na região do Báltico, derrubado entre 1618 e 1628, e usado em duas obras conhecidas de Rembrandt e [de seu amigo de infância e colega de trabalho] Jan Lievens”, afirmou Klein, em comunicado. “Podemos datar firmemente o retrato de entre 1620 e 1630”.
Os especialistas ainda não puderam confirmar a obra como sendo um Rembrandt genuíno, mas explicam que a análise garante que ela foi feita no estúdio onde o pintor trabalhava. “Como curadora, é incrivelmente emocionante descobrir que uma pintura até então não identificada pode ser colocada na oficina de um dos artistas mais famosos de todos os tempos”, comentou Van Camp, em declaração.
A análise também revelou evidências de retoques feitos posteriormente na obra, o que, de acordo com o restaurador Jevon Thistlewood, prejudicou consideravelmente a ilusão sutil de profundidade e movimento. “Quando a exposição terminar”, afirmou ele, “começaremos o processo de restauração da pintura e mal podemos esperar para ver o que encontraremos”.

Foto de capa: Museu Ashmolean/Universidade de Oxford

Fonte: Revista Galileu

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