Golfinhos machos “cantam” em bando para proteger e atrair fêmeas

Segundo pesquisadores australianos, os cetáceos emitem sons sincronizados para formar grupos e atrair as fêmeas com maior potencial para o acasalamento
Uma nova descoberta feita por cientistas australianos e publicada na Proceedings of the Royal Society B mostrou que golfinhos-nariz-de-garrafa, a espécie mais comum desses cetáceos, podem coordenar algumas ações com “cantos” — a primeira evidência de que outro animal, além dos humanos, consegue se sincronizar usando sinais vocais. E eles fazem isso por um motivo nobre: proteger fêmeas com potencial para o acasalamento.
Assim como nós, humanos, usamos a voz para marchar e dançar, por exemplo, reforçando a importância de um grupo ou intimidando nossos oponentes, os golfinhos também usam seus sons para se adequar ao grupo e galantear as fêmeas. O comportamento foi observado em um estudo feito em Shark Bay, na Austrália, com aprovação ética das universidades da Austrália Ocidental; de Zurique, na Suíça; e de Bristol, no Reino Unido.
Para isso, os pesquisadores usaram quatro microfones à prova d’água atrás de uma lancha e registraram 172 momentos em que vários machos faziam barulhos parecidos com estalos em torno das fêmeas. Os sons ecoavam ao mesmo tempo e na mesma frequência, em séries de dois a 49 ruídos curtos, 10 por segundo, repetidamente, formando uma espécie de cantoria que pode ser ouvida aqui.
Quando os machos apareceram sozinhos, o tempo e o ritmo desses sons já não eram os mesmos. Segundo os cientistas, isso sugere que os golfinhos usam esses sinais vocais para melhorar a cooperação em grupo e alcançar o objetivo de atrair as fêmeas.
A partir dessa observação, foi verificado que os golfinhos machos fazem grupos de até 14 indivíduos ao longo da vida. Em subgrupos de três, eles estão sempre acompanhando fêmeas para serem suas potenciais companheiras. Os machos ficam nadando, rodeando e fazendo os mesmos sons entre si para protegê-las de outros machos e agrupá-las uma a uma.
O mais importante do estudo, de acordo com os pesquisadores, foi descobrir a existência dessa cantoria e mostrar como ela pode ajudar os golfinhos-nariz-de-garrafa a agir — no caso, falar — como um só para garantir a conquista de uma parceira.
Fonte: Galileu.com