Casal constrói residência solar com pneus, garrafas e terra
Em somente 70 m², a casa reúne uma quantidade surpreende de soluções ecológicas
As configurações de casa dos sonhos foram atualizadas. Ao menos esta é a sensação de quem tem paixão por bioconstrução e conhece o lar de Martin Freney e Zoe.
Localizada em Adelaide, na Austrália, a residência foi construída com base no Earthship: uma técnica de arquitetura sustentável que tem como principal característica a menor geração de impacto ambiental possível.
Técnica Earthship
Criado pelo arquiteto norte-americano Mike Reynolds, o conceito de construção Earthship, para ser aplicado, deve levar em consideração as questões climáticas locais, o uso de materiais alternativos e, por vezes, reaproveitados.
As casas construídas com este método são autossuficientes e utilizam sistemas de baixa tecnologia. Um projeto de destaque neste sentido é a primeira escola totalmente sustentável da América Latina, construída no Uruguai.
Para Reynolds, a solução pode resolver o problema do lixo e a falta de moradias populares.
Aplicações
Com 70 m² disponíveis, o casal na Austrália inseriu uma quantidade surpreende de soluções ecológicas baseadas no método. Instalou painéis solares no telhado, coletadores de água da chuva e também tentou tratar e reciclar a água cinza, a água residual de processos domésticos como do banho e lavagem de roupa e louça.
Sobre este último item, o casal sofreu entraves na lei. O país exige que as águas cinzas sejam enviadas à fossa séptica. Mesmo assim, eles instalaram o sistema, que posteriormente foi removido. “Ele pode ser facilmente reinstalado se e quando as leis mudarem – e acho que eles vão, pois a mudança climática começa a bater duro aqui no sul da Austrália, o estado mais seco no continente mais seco”, explica o casal em seu site.
Na casa, o aquecimento da água é solar e, em geral, a temperatura interna é estável. Baterias de energia garantem quase três dias de autonomia, caso o gasto não ultrapasse 3 kWh diários. O telhado também incorpora duas claraboias operáveis com vidros duplos para regular a saída de ar quente do telhado.
Usando terra, eles aplicaram técnicas de adobe e cob, velhas conhecidas da permacultura. As paredes foram levantadas com o uso de 800 pneus. Martin até escreveu um artigo explicando alguns dos cuidados que teve no quesito segurança do uso de pneus, tema ainda bastante questionado. Também foram usadas garrafas de vidro, latas e até os gargalos foram usados no piso do banheiro.
Casa minimalista
Batizado de Earthship Ironbank, o lar é projetado para duas pessoas. Um só cômodo formam sala, cozinha e quarto, mas em nada se parece com uma quitinete. Para não entulhar o espaço, os móveis são poucos: armário de cozinha, aquecedor, cama, mesinha de cabeceira, um pequeno sofá e mesa.
O que pode ser sufocante para uns, é recompensado pelo lado externo que agrega um pequeno quarto com sofá-cama e guarda-roupa, um banheiro confortável e o melhor: áreas verdes com muitas plantinhas, bananeiras e mesinhas para apreciar a vista e aproveitar o ar puro da zona semirrural. É de encher os olhos.
Hoje disponível para aluguel com serviço de “Bed and Breakfast”, a casa teve até a aprovação de Mike Reynolds.
Fonte: CicloVivo