Saúde

Remédio criado na Idade Média é eficaz contra infecções bacterianas atuais

Solução de cebola, alho, vinho e sais biliares tem pelo menos mil anos e se mostrou eficiente contra bactérias resistentes em novo estudo

O que você pensa quando alguém fala em Idade Média? Sua resposta provavelmente está associada a doenças (como a peste bubônica), falta de higiene, soberania da Igreja e ignorância científica (não é à toa que o período é conhecido como “Idade das Trevas”). Fato é que as impressões que temos hoje daquela época não são totalmente verdadeiras — e uma nova pesquisa conduzida pela Universidade de Warwick, na Inglaterra, corrobora a ideia de que nossos antepassados estavam longe de ser ignorantes.
Em um artigo publicado nesta terça-feira (28) no Scientific Reports, os cientistas contam que recriaram um remédio medieval conhecido como “Bald’s eyesalve” (que pode ser traduzido como “colírio do Bald”) e ele demonstrou atividade antibacteriana promissora. A “poção” tem pelo menos mil anos de idade e contém cebola, alho, vinho e sais biliares.
Os pesquisadores, então, testaram a mistura em culturas bacterianas planctônicas (quando os micróbios ficam “livres”) com diversos tipos de microrganismos e descobriram que o remédio foi eficaz contra vários deles, inclusive alguns gêneros mais resistentes, como o Staphylococcus e o Streptococcus. Além disso, a solução foi capaz de controlar biolfimes (colônias bacterianas organizadas), o que também é importante para a criação de um medicamento bactericida.
“O colírio de Bald enfatiza a importância do tratamento médico ao longo do tempo”, afirmou Christina Lee, coautora do estudo, em comunicado. “Isso mostra que, no início da Inglaterra medieval, as pessoas tinham pelo menos alguns remédios eficazes”.

Receita do medicamento em livro medieval (Foto: The British Library Board)

Segundo os estudiosos, um dos ingredientes mais poderosos da mistura é o alho, pois ele contém alicina, princípio ativo de alto poder bactericida. Os pesquisadores esperam que a descoberta ajude no desenvolvimento de novos medicamentos antibacterianos, principalmente contra microrganismos resistentes.
“A maioria dos antibióticos que usamos hoje são derivados de compostos naturais, mas nosso trabalho destaca a necessidade de explorar não apenas compostos únicos, mas misturas de produtos naturais para o tratamento de infecções por biofilmes”, disse Freya Harrison, coautora do estudo. “Acreditamos que a combinação [de substâncias] possa sugerir novos tratamentos para feridas infectadas, como úlceras diabéticas nos pés e nas pernas”.

Fonte: Revista Galileu

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