Saúde

Vacinar adolescentes é essencial para prevenir meningite, reforçam médicos

Baixa cobertura vacinal no Brasil preocupa especialistas, que alertam para o fato de que os jovens estão entre os principais transmissores dessa doença grave

Além da pandemia de covid-19, um outro problema de saúde gera preocupação entre médicos e instituições brasileiras: a queda da cobertura vacinal. Em 15 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) chegaram até mesmo a publicar um alerta sobre o declínio nas taxas de vacinação em 2020, onde cita o Brasil entre países em que a cobertura vacinal caiu pelo menos 14 pontos percentuais desde 2010.
De fato, a última década apresentou constantes quedas no número de pessoas imunizadas. Segundo o Programa Nacional de Vacinação, a porcentagem de cidades brasileiras com cobertura vacinal adequada para meningite C (meningocócica), por exemplo, caiu de 72,4% para 54,3% entre 2011 e 2016, respectivamente.
Pensando nisso, a farmacêutica francesa Sanofi Pasteur realizou um bate-papo virtual com especialistas sobre a importância da prevenção de meningites, principalmente entre adolescentes.

“Os adolescentes têm um papel importante na disseminação da doença, por isso, é importante que os pais incentivem e se atentem às doses de reforço que precisam ser tomadas nessa faixa etária”, afirma Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur, pós-graduada em medicina interna, familiar e ocupacional.

Grave e de rápida evolução, a meningite tem taxa de mortalidade elevada e pode deixar sequelas. Na década de 1970, uma epidemia de meningite meningocócica, que atingiu o Brasil e foi abafada pelo regime militar, mostrou que entre 12% e 14% dos doentes se tornavam vítimas fatais da doença.
Desde então, o Brasil se tornou referência na produção de vacinas conjugadas na América Latina, que hoje são capazes de proteger a população de quatro sorogrupos da bactéria Neisseria meningitidis: A, C, W, Y. A vacina meningocócica conjugada quadrivalente (ACWY) é recomendada para crianças e adolescentes pelas Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

“As vacinas conjugadas já demonstraram ter um excelente perfil de segurança e, ao vacinar adolescentes, ampliamos a proteção às outras faixas etárias”, afirma Marco Aurélio Safadi, pediatra e presidente do Departamento de Infectologia da SBP e do Departamento de Imunizações da SBIm.

“Não deixem de se vacinar”, disse o paratleta Daniel Yoshizawa, jogador de voleibol sentado do Sesi — São Paulo e da Seleção Brasileira. Em meio aos preparativos para participar dos Jogos Paralímpicos no Japão, Yoshizawa deu seu depoimento durante o bate-papo com os especialistas. Aos 21 anos, já um jovem adulto, o paratleta contraiu meningite meningocócica e viu sua vida mudar abruptamente por causa da doença.
“Acordei doente, com dores no corpo, na nuca e vômito. Ao chegar ao hospital, tive convulsões e, quando fui diagnosticado, precisei ser transferido para outra cidade, onde teriam condições de cuidar do meu quadro”, conta Daniel Yoshizawa, descrevendo os principais sintomas da doença.
O paratetla chegou à nova instituição de madrugada, quando partes do seu corpo já haviam necrosado por conta dos danos da meningite aos sistemas nervoso e circulatório. Yoshizawa ficou em coma por duas semanas e teve as duas pernas e cinco dedos das mãos amputados por conta da doença. Hoje, é jogador profissional há 11 anos e busca conscientizar a população sobre a importância da vacinação para doenças que são evitáveis.

Fonte: Revista Galileu

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