Empoderamento Feminino x Empoderamento Masculino

Texto: *Nágela Isa Carneiro Sirqueira

A mulher, antes cultuada e venerada, sendo um ser que sangrava e não morria, gerava e paria uma nova vida, passou a ser menosprezada e coagida, a partir do momento que o homem entendeu que ele ‘colocava’ o bebê dentro dela e que a força era mais ‘convincente’ que a sensibilidade.
Sua beleza passou a ser objeto de cobiça e sua feminilidade passou a ser uma fraqueza. Pureza arrancada à força, beleza como proteção, casamentos arranjados, natureza contida, reprimida, calada. Onde foi que erramos?
A força física brutal trouxe o terror às mulheres, que temiam ter filhas, pelo medo do que poderia acontecer a elas, num mundo selvagem e monstruoso. Foram forçadas a se calar, a se portar como ‘damas’, baixar suas cabeças, conseguir um casamento vantajoso — que lhes garantiria proteção ou segurança financeira.
A aparência física era motivo de cobiça e também de disputas e inveja. Afinal, era a principal atração da mulher, visto que seu lugar de fala e execução, se restringia à cozinha e aos bordados. Tudo isso gerou crenças sociais, comportamentos repetitivos, traumas históricos. E como sabemos, o aprendizado se dá pela observação, pelo exemplo e perpetuação.
O ser humano dá passos muito pequenos e lentos na linha do tempo da evolução, justamente por sempre estar repetindo o que aprende. E pouco consegue dar, aquele que pouco recebe.
O universo está em constante mudança, sempre em busca do equilíbrio. Assim como o bem e mal, feminino e masculino estão em constante balanço.
Somos feitos de luz e sombras, assim como o universo. E a harmonia se dá quando o equilíbrio se estabelece. Numa era onde o feminino imperava, o homem se perdia em seu lugar, numa era onde o masculino comandava, a mulher foi massacrada. E mediante à evolução, podemos vislumbrar a harmonia sendo construída.
A liberdade, a igualdade, o direito da fala, do voto, da carreira e de escolha, são graças às vozes que se ergueram para lembrar que nós, seres humanos, somos iguais! Homem e mulher, frutos da mesma natureza criadora. Diferentes entre si biológica e essencialmente, mas iguais como humanos.
Ainda hoje, nós mulheres, manifestamos pensamentos ou comportamentos ‘machistas’ em relação a nós mesmas, ou a outras mulheres. A rivalidade, a inveja, a insegurança comparativa, a resignação, ainda estão em pequenas ou grandes doses no nosso cotidiano.
O feminismo veio para nos dizer: “Olha, somos parceiras! Podemos fazer nossas escolhas e podemos admirar e motivar umas às outras!”.
Empoderamento feminino não é sobrepujar o masculino. É valorizar e enaltecer aquilo que somos e temos a oferecer, recuperando a autoestima e o valor de ser mulher. É ter liberdade de expressar sentimentos e pensamentos, sem julgamento ou menosprezo. É valorizar nossa essência e impulsionar outras mulheres a serem aquilo que desejam. É, acima de tudo, nunca se resignar condicionalmente por dependência da figura masculina.

Ainda há muito o que mudar e evoluir. Mas me sinto gratificada por ter meu lugar de fala, por exercer o trabalho que desejo, por ver amigas e outras mulheres conquistarem grandes feitos em suas vidas, por poder criar uma filha, dizendo para ela que pode ser o que quiser!
A cura do masculino doentio é um grande fator para a conquista do equilíbrio verdadeiro. E isso é papel que os homens devem buscar. Empoderamento masculino é genuíno também.
Já passou a era da força bruta e é hora dos homens buscarem compreender o que é o masculino sagrado. A força protetora, paterna, digna e honrada, que empodera as mulheres em seu papel materno, terno e cuidador.
Homem e mulher em equilíbrio com sua própria essência e com a essência do outro, crescem, se empoderam e constroem um mundo muito melhor!