Poluição dos mananciais, de quem é a culpa? - Jornal Fatos e Notícias
Política

Poluição dos mananciais, de quem é a culpa?

Qual a responsabilidade do governo estadual, do Legislativo, do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) ou da Concessionária de Saneamento Serra Ambiental, para com a população capixaba que só fica sabendo das manobras quando alguém com coragem e comprometimento social decide abrir o verbo?
Há um mês, o Fatos & Notícias vem provocando os possíveis responsáveis pela poluição dos espelhos d’água do município da Serra e de outros nos quais a Cesan detém a concessão no tratamento de esgoto. Seriam os omissos as instituições citadas acima, ou podemos sugerir um grande pacote envolvendo todos eles?
O engenheiro ambiental e secretário de Meio Ambiente da Serra, Cláudio Denicoli, em entrevista, foi firme ao dizer que a Cesan insiste numa mentalidade retrógrada de 50 anos atrás e, por isso, as coisas não funcionam e não funcionarão nunca. Denicoli denuncia ainda, dizendo que existe uma análise da própria Cesan comprovando que em algumas Estações de Tratamento de Esgoto — ETEs — o esgoto entra mais limpo do que sai (https://jornalfatosenoticias.com.br/index.php/2021/01/26/a-cesan-e-os-mananciais-da-serra-parte-1/).
Moradores do bairro Residencial Centro da Serra, que preferiram não se identificar, disseram que as bombas da Cesan não funcionam e seus reservatórios não atendem à demanda, principalmente quando chove. Outro agravante, muito comum nos bairros que ficam no entorno da lagoa do Juara, são as ligações clandestinas das residências nas redes pluviais. São moradores que foram contemplados com serviços de infraestrutura (pavimentação e drenagem), mas, que, por falta de alternativas, são obrigados a ligarem na rede pluvial porque não têm rede de esgoto, que é responsabilidade da Cesan.
A Juntos-SOS ES, uma das representantes da sociedade civil organizada culpa o governo estadual pelo descuido ambiental. “Ao alegarem falta de efetividade dos órgãos fiscalizadores mostram o baixo grau de comprometimento do governo para com a sociedade”, diz a instituição.
Do Legislativo, solicitamos aos senadores Rose de Freitas (MDB) e Fabiano Contarato (Rede) e aos deputados estaduais, Bruno Lamas (PSB) e Vandinho Leite (PSDB), para manifestarem suas opiniões sobre o assunto.
O senador Fabiano Contarato informou que vai oficiar os órgãos responsáveis solicitando mais esclarecimentos e providências com relação ao tratamento de esgoto no município da Serra.
O deputado Vandinho Leite, por sua vez, disse que há alguns anos, tem denunciado a má qualidade no serviço prestado pela Cesan.

“Na Serra, desde 2015, o serviço de coleta, tratamento e descarte de esgoto foram vendidos para a Serra Ambiental, que é controlada pela Companhia de Saneamento de São Paulo, uma das maiores empresas do setor. Mas, infelizmente, ainda não vimos nenhuma evolução objetiva na qualidade das águas da Serra. Inclusive, a Lagoa Juara tem sido sequencialmente palco macabro de mortandades de peixes e, mais recentemente, a lagoa Carapebus, também sofreu do mesmo mal. Temos muita cobertura de rede de esgoto, mas não temos um tratamento efetivo. Então, do que serve este tipo de serviço? Já que a população paga, no entanto, não se transforma em um benefício coletivo real e perene. Já tentei emplacar projetos para obrigar a Cesan e a Serra Ambiental a fazerem mais investimentos no setor de tratamento de esgoto, infelizmente nenhum deles andou para frente, pois a gente percebe que essa empresa tem muita articulação política”, afirmou Vandinho.

O deputado foi além. “Vale destacar que as minhas ações referentes à atuação da Cesan na Serra tomaram contornos ainda mais concretos com denúncias feitas ao Ministério Público Estadual. Em março do ano passado, por exemplo, encaminhei vários vídeos que comprovavam a ineficiência da empresa no tratamento de esgoto em nossa cidade. Recentemente, tomei posse como presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, e vou encaminhar mais projetos no sentido de cobrar melhora no tratamento. Pois, além de ser um problema ambiental, também é um problema de ordem do consumidor, uma vez que a população paga taxa e não tem retorno do serviço”, esclareceu.
Também procurados pela coluna para darem um parecer a respeito do tema, a senadora Rose de Freitas e o deputado estadual Bruno Lamas não retornaram até o fechamento da matéria.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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