Política

Praia de Bicanga, moderna, mas em desacordo com o meio ambiente

À frente da Associação de Moradores de Bicanga, a mineira Alvatina Antônia de Oliveira, mais conhecida como Vani, recebeu nossa reportagem nesta quarta-feira (04), pela manhã, em sua residência juntamente com seu sobrinho Cristian e sua irmã, professora Penha, para falar um pouco da comunidade que ela representa pela quinta vez, como presidente, nos últimos 19 anos.
Segundo Vani, os problemas em Bicanga eram muito maiores que os atuais. “Hoje nossa orla está infraestruturada, mas alguns problemas persistem e precisam ser vistos pela administração pública mais de perto. É o caso da limpeza pública, por exemplo, pois alguns moradores deixam seus lotes sem muro e o local acaba se tornando depósito de lixo, de proliferação de pragas como ratos, baratas, além do mau cheiro. A fiscalização precisa autuar e multar esses proprietários que desrespeitam a legislação municipal. Se isso acontecer o bairro ficará mais limpo e muito mais agradável”, afirma.
Ainda conforme explica Vani, a falta de segurança, é outro problema com o qual a comunidade é obrigada a conviver. “A praia fica praticamente deserta à noite, poucos são os moradores que se arriscam a caminharem ou praticarem algum esporte de areia nesse horário… a insegurança é visível, nos tornamos alvos fáceis para bandidos. O policiamento devia ser mais frequente, talvez o policiamento ostensivo seria uma saída”, sugere a presidente.
Outra queixa da comunidade é a falta de fiscalização nesse período de pandemia, no qual os números de mortos e infectados não param de crescer. “Precisamos da presença dos órgãos fiscalizadores do município. Confesso que tem mais de um ano que não tomo banho no mar porque aos finais de semana a orla fica lotada e grande parte dos frequentadores não estão usando máscara, não estão se prevenindo e nem respeitando o distanciamento social exigido, não podemos brincar com essa doença”, alerta.
Christian Oliveira Cruz, sobrinho de Vani, que é advogado e morador do bairro há muitos anos disse que a tia já protocolou na prefeitura pedindo providências do setor responsável pelo trânsito, que é outro problema que moradores e turistas têm que conviver nos finais de semana. Segundo ele, um ponto da orla é via de mão única e os motoristas não estão obedecendo. “Sábados e domingos a orla vira um gargalo, o trânsito não flui, é um caos completo”, reclamou.

Herança do passado

A presidente falou que, quando começaram as obras de infraestrutura da orla, na época ela procurou a prefeitura e a empresa para dizer que a praia é local de desova de tartaruga e eles não deram importância. “Nossa praia é local de desova de tartarugas… a orla ficou muito bonita, mas quem projetou não teve o devido cuidado com o meio ambiente. As lâmpadas instaladas são impróprias para o local, pois têm um impacto direto no período de desova desses animais, que se desorientam na desova”, denunciou.
A reportagem do Fatos & Notícias entrou em contato com o secretário de Meio Ambiente do município, Cláudio Denicoli, para saber quais providências estariam sendo tomadas para solucionar o problema e ele respondeu que “a iluminação da praia foi feita sem consultar a Secretaria de Meio Ambiente, e realmente está afetando diretamente as questão das tartarugas marinhas. Estamos alinhando com o Projeto Tamar e eles elencaram algumas medidas que a prefeitura tem que tomar. A Secretaria de Serviços está avaliando se é possível desligar algumas lâmpadas no período de desova, que acontece entre setembro e março, se isso não resolver, trocaremos os postes para diminuir a iluminação, são avaliações feitas por recomendação do Projeto Tamar. Outra alternativa, que está sendo avaliada pelo pessoal do Tamar, seria, nas próximas desovas, a partir do mês de setembro deste ano, o remanejamento dos ninhos, ou seja, quando a tartaruga desovar, recolher os ovos e colocá-los em outro local, assim estaríamos juntando os interesses da comunidade com a questão ambiental”, esclareceu o secretário.
Quanto a questões relacionadas à educação e à saúde, Vani é sincera ao dizer que a escola é pequena, mas atende à necessidade dos moradores “e na saúde, quando precisamos, somos atendidos no Posto de Saúde de Manguinhos”, finaliza.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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