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Dentes-de-sabre descoberto nos EUA era um dos maiores felinos do planeta

Ao comparar ossos mantidos em diferentes museus, estudo sugere que animal que viveu entre cinco e nove milhões de anos atrás pesava até 400 quilos

Pesquisadores dos Estados Unidos publicaram, na última segunda-feira (3), um estudo que descreve um dos maiores felinos da Terra. Nomeado Machairodus lahayishupup, o animal teria vivido entre cinco e nove milhões de anos atrás na América do Norte, no final da época do Mioceno, e pesava entre 270 e 400 quilos.
Machairodus é o gênero de grandes felinos dentes-de-sabre que habitavam a África, a Eurásia e a América do Norte. Já Laháyis Húpup, termo que compõe o segundo nome da espécie, significa “gato selvagem antigo” no idioma da etnia Cayuse, que vive na Reserva Indígena Umatilla, área onde foi encontrado o fóssil que deu origem à investigação, um fragmento do osso úmero.
Disponível no periódico Journal of Mammalian Evolution, a pesquisa também revela que a espécie recém-descoberta caçava presas de 450 a 900 quilos.

“Acreditamos que esses felinos derrubavam animais do tamanho de bisões”, observa, em nota, Jonathan Calede, professor na Universidade Estadual de Ohio. “Esse era o maior gato vivo daquela época”, complementa.

Para chegar a essa conclusão, Calede fez uma série de análises ao lado de John Orcutt, professor de Biologia na Universidade Gonzaga: foram comparados sete fósseis similares e não categorizados com outros já identificados e amostras de ossos. Os sete úmeros foram coletados de museus das Universidades de Oregon, Idaho, Califórnia e Texas.
O maior dos sete úmeros de Machairodus lahayishupup disponíveis para a pesquisa tinha mais de 45 centímetros de comprimento e quatro centímetros de diâmetro, o que mostra a grandiosidade do animal — o úmero médio de um leão macho adulto moderno, por exemplo, tem cerca de 33 centímetros de comprimento.
Com base nesses materiais, Calede e Orcutt calcularam o tamanho do Machairodus lahayishupup a partir da associação entre o tamanho do úmero e a massa corporal de grandes felinos modernos. As características físicas das presas foram estimadas segundo o conhecimento sobre os animais que viveram na região naquele tempo, como rinocerontes, camelos gigantes e preguiças-gigantes.
“Esses úmeros espalhados por museus tinham uma característica em comum, o que nos fez concluir que seriam todos da mesma espécie”, afirma Calede. “A forma única e o tamanho também nos fizeram pensar que era algo muito diferente do que já é conhecido”.
Assim, além de revelar um novo animal, a pesquisa mostra que o úmero pode ser uma ferramenta útil para diferenciar famílias, gêneros e espécies de felinos — o que é bastante importante para esse campo do conhecimento, uma vez que o úmero é o tipo de fóssil de felino mais encontrado em escavações.
De acordo com os pesquisadores, o Machairodus lahayishupup teria sido uma das primeiras espécies entre os dentes-de-sabre, porém mais investigações sobre essa hipótese ainda são necessárias. Calede e Orcutt também acreditam que o animal seja um parente antigo dos felinos dentes-de-sabre do gênero Esmilodonte, que foi extinto há aproximadamente 10 mil anos.
Outro ponto que ainda precisa ser aprofundado diz respeito à evolução. “Sabe-se que existiam outros felinos gigantes na Europa, na Ásia e na África, e agora nós temos nosso próprio gato dentes-de-sabre gigante na América do Norte durante esse mesmo período”, constata Calede.
“Ou existe, em todos esses continentes, um padrão interessante de evoluções independentes e repetidas desse grande corpo especializado em caçar”, pondera o pesquisador. “Ou nós temos esse parente gigante de dentes-de-sabre que se dispersou”, finaliza.

Fonte: Revista Galileu

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