Fósseis de rinoceronte ancestral explicam mistério do maior mamífero terrestre

Pesquisadores descobriram como a espécie recém-descoberta “Paraceratherium linxiaense” se dispersou pela Ásia há 26,5 milhões de anos
Há 26,5 milhões de anos, o maior mamífero terrestre de todos os tempos vagava pela Ásia. Ancestral gigante dos rinocerontes, a criatura da espécie recém-descoberta Paraceratherium linxiaense se dispersou por China, Mongólia, Cazaquistão e Paquistão. Como isso aconteceu era, até então, um mistério, mas pesquisadores finalmente desvendarem a questão.
Para descobrirem como ocorreu a dispersão da espécie e de outros animais do gênero Paraceratherium, os estudiosos liderados pela Academia Chinesa de Ciências analisaram o crânio e a mandíbula de um P.linxiaense, assim como duas vértebras torácicas de outro indivíduo. Suas descobertas foram publicadas nesta quinta-feira (17) no jornal científico Communications Biology.
Os fósseis foram recuperados em maio de 2015, na Bacia Linxia, na China, em depósitos do período Oligoceno Superior, que teve início há cerca de 36 milhões de anos. O local fica na fronteira nordeste do Planalto Tibetano. Já se supunha que o lar de longa data do P. linxiaense era a Ásia Central. Todavia, a primeira espécie de Paraceratherium já encontrada, P. bugtiense, viveu no que é hoje o oeste do Paquistão. Intrigados por essa aparente contradição, os pesquisadores tentaram descobrir como o rinoceronte da espécie recém-descoberta chegou ao subcontinente indiano.
Os experts notaram que P. linxiaense é, na verdade, uma espécie derivada do P. bugtiense. Tanto que ela herdou o pescoço comprido do grupo paquistanês de rinocerontes. O gênero Paraceratherium se diversificou bastante, distribuindo-se pelo planalto mongol, no noroeste da China, assim como na área ao norte do planalto tibetano até o Cazaquistão.
Os rinocerontes gigantes Paraceratherium assim se moveram por milhares de quilômetros entre a Ásia Central e o subcontinente indiano entre 30 milhões e 35 milhões de anos atrás. Em entrevista à National Geographic, o líder do estudo, Tao Deng, explicou que as condições tropicais da época permitiram que o rinoceronte gigante fosse até a Ásia, o que implica que a região tibetana ainda não era elevada como um planalto.
Existem evidências geológicas para essa hipótese, que afirma que a área do planalto tibetano ainda tinha algumas partes baixas até cerca de 25 milhões de anos atrás. Os rinocerontes do gênero Paraceratherium dispersaram desse modo suas características curiosas, ramificando-se em várias espécies na região.
Esses animais não tinham chifres e se alimentavam de flores, que colhiam a uma altura equivalente ao terceiro ou quarto andar de um prédio. Um adulto médio tinha mais de cinco metros de altura e um pescoço de quase dois metros. P. linxiaense estava entre as últimas espécies desses gigantes, chamados de paraceratérios.
Fonte: Revista Galileu